O
presidente do PSDB, Bruno Araújo,
de 48 anos, disse em entrevista ao Estadão que
as urnas pediram moderação em 2020, o que deve levar, em sua opinião, os
líderes políticos a se afastarem de posições consideradas extremas. "O
eleitor confirmou que quer distância dos extremos. É contra esses extremos na
área comportamental e que faz agressões às instituições que o PSDB tem que
falar de forma mais firme", afirmou.
Segundo o dirigente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é o único nome da sigla colocado para concorrer à Presidência da República em 2022. Mas "respeitando o ambiente da pulverização de alternativas no nosso campo", o centro. Segundo Araújo, porém, a eleição na capital paulista faz Bruno Covas emergir como uma liderança nacional. "A chegada de Bruno Covas com a benção desses mais de 3 milhões de votos entrega um novo líder ao Brasil. São Paulo tem neste momento dois importantes líderes nacionais."
Sobre
a eleição para a presidência da Câmara, no início do ano que vem, Araújo diz
que o resultado não terá, necessariamente, um efeito sobre a eleição de 2022,
mas a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ)
deve aglutinar, de acordo com o dirigente tucano, "PSDB, Democratas e partidos
do campo da esquerda".
Em 2018, o discurso da negação da política ajudou a eleger Jair Bolsonaro e outros nomes. A população voltou a acreditar na política em 2020?
Tudo
isso faz parte dos ventos que sopram em direções diferentes a cada processo
eleitoral. É possível que 2020 tenha iniciado um novo momento, no qual o
eleitor voltou a optar por nomes que se dedicaram à vida pública para voltar a
ocupar o espaço do exercício do poder municipal. O exemplo do segundo turno na
maior cidade da América Latina é caricato disso. As escolha por dois jovens que
fazem política, cada um seu campo, desde sempre. E há um nítido novo momento do
processo eleitoral em 2020. O eleitor fez opções muito claras por posições
moderadas.
O
PSDB vai intensificar a oposição a Bolsonaro no Congresso?
Esse
é um recado das urnas. O eleitor confirmou que quer distância dos extremos. É
contra esses extremos na área comportamental e que faz agressões às
instituições que o PSDB tem que falar de forma mais firme.
A
eleição da presidência da Câmara dos Deputados pode ser o primeiro passo na
formação de um bloco de oposição ao presidente Jair Bolsonaro em 2022? Já
existe algum nome na mesa para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ)?
O
coordenador do processo de sucessão na Câmara é o Rodrigo Maia. Não há muita
correlação entre as alianças que se dão para a eleição do presidente da Câmara
com a eleição presidencial, mas não estou dizendo que isso não tenha
relevância. Nós podemos ver votando juntos o PSDB, Democratas e partidos do
campo da esquerda.
O
governador João Doria (PSDB), o ex-ministro Sergio Moro, o apresentador Luciano
Huck e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), têm mantido conversas
sobre uma possível união do centro para 2022. Como o PSDB se insere nessa
construção? Doria desponta como o nome que pode encabeçar esse movimento?
O
PSDB se insere como um dos mais importantes protagonistas e como o partido que
polarizou a política nacional desde 1994, com exceção do tropeço de 2018. Nas
duas últimas eleições municipais, o PSDB foi o partido mais votado do Brasil. O
PSDB oferece nomes de qualidade nessa discussão, entre eles quem se configura
como o mais intenso e presente é o governador de São Paulo, mas respeitando o
ambiente da pulverização de alternativas no nosso campo. O PSDB não participa
com seu ativo político e eleitoral levando prato feito. O DEM teve um belíssimo
desempenho e o MDB confirmou sua vocação de pulverização por todo
território nacional.
A
eleição de Bruno Covas é uma vitória do projeto presidencial do governador João
Doria?
Por
vias indiretas, o governador João Doria tem o prefeito da maior cidade da
América Latina como seu aliado. Isso é um ganho. Mas não vamos misturar. O
vitorioso dessa eleição foi o Bruno Covas. Ele é o grande artífice da vitória
do último domingo. Covas sai da condição de um prefeito substituto
constitucional para a de alguém abençoado pelo voto. Essa vitória entrega a ele
autoridade e liderança, não só como prefeito mas também como um dos mais
importantes protagonistas da política nacional e do PSDB.
O
PSDB tem agora então em São Paulo dois líderes de fato? Até a eleição
municipal, Doria era o líder incontestável do partido no estado.
Sim.
A chegada de Bruno Covas com a benção desses mais de 3 milhões de votos entrega
um novo líder ao Brasil. São Paulo tem neste momento dois importantes líderes
nacionais.
O
governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é também um nome do PSDB para
disputar o Palácio do Planalto?
Todos
os nossos governadores, senadores e quadros nacionais são sempre alternativas
postas. Mas, de forma objetiva, o único nome que nós temos posto até aqui e que
tem exercitado isso de forma firme e competente é o governador João Doria.
O
caminho do Doria para 2022 será com o DEM em São Paulo e no Brasil?
Essa
é uma relação de muitos anos que se dá por afinidade política e sem imposição.
Enquanto isso estiver mantido a aposta é que sigamos sendo parceiros em
eleições nacionais, estaduais e municipais. Essa relação é muito franca e sem
subordinação.
O
prefeito Bruno Covas disse que o PT jogou o PSDB à direita e que chegou a hora
do partido reencontrar as suas teses. O sr. concorda com ele?
Concordo plenamente. O PSDB que eu imagino é o do Bruno Covas: moderado, sensato e que respeita o adversário. Foi assim que o PSDB foi fundado. Essas são as nossas bases. A eleição de Bruno aponta um caminho para o nosso projeto de 2022.
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