- O Estado de S. Paulo
Não se busca a paz, nem a coexistência
pacífica, nem a criação de dois Estados...
Confundir o Hamas e a Jihad Islâmica com a
causa palestina é um imenso desserviço aos próprios palestinos e a uma paz
durável e justa no Oriente Médio, com dois Estados, judeu e palestino, vivendo
lado a lado e cooperando entre si. Vitimizar os habitantes de Gaza como se
estivessem submetidos ao arbítrio dos israelenses é não somente um erro de
cálculo, como um desrespeito à verdade. Infelizmente, esse tipo de narrativa
tem vigorado em boa parte da cobertura jornalística, fazendo a propaganda do
terror ter valor de verdade.
Convém, preliminarmente, caracterizar o
Estado do Hamas como um Estado de terror, que utiliza arbitrariamente a
violência para atacar os israelenses e oprimir a sua própria população. Se os
palestinos vivem lá na miséria e em péssimas condições sociais, isto se deve
principalmente a que os recursos são utilizados para a compra e fabricação de
armas, foguetes e mísseis, além da construção de túneis subterrâneos empregados
em operações militares, para proteger os seus militantes, e não os palestinos,
cujo bem-estar é literalmente menosprezado.
Há uma diferença essencial entre o Estado de Israel e o do Hamas. O primeiro está voltado para a proteção de seus cidadãos, pessoas livres num regime democrático, e o segundo, baseado na violência e na submissão dos seus, expõe esses seus súditos à violência por ele mesmo produzida. Se Israel tem um nível muito baixo de vítimas civis e Gaza um tão alto, isso se deve a uma diferença de natureza entre esses dois Estados: um defende os seus membros, o outro os submete à violência.
Não deixa de ser intrigante, salvo para os
desavisados, que os civis palestinos ostentem um alto grau de mortandade, como
se isso se devesse aos israelenses. A razão central consiste em que os
terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica utilizam os próprios palestinos como
escudos humanos. São esses dois grupos que ostentam o poder em Gaza, tendo como
único objetivo o assassinato indiscriminado, lançando mais de 4 mil foguetes e
mísseis sobre Israel com a exclusiva finalidade de promover um grande morticínio.
Que Estado no mundo não reagiria a um ataque desse tipo?
Ao não lograrem os seus objetivos, graças à
proteção do Domo de Ferro, construído por Israel para a defesa de sua
população, pretendem os terroristas se apresentar como vítimas. Procuram tornar
o insucesso militar uma vitória política, apresentando-se como vítimas. E
alguns ainda compram essa narrativa, talvez com base num antissemitismo
histórico.
Seria interessante alguém encontrar um só
outro exército do mundo que, antes de derrubar um edifício que abriga
esconderijos de armas e munições, avise seus ocupantes para que o abandonem,
com o intuito de evitar vítimas. Não fossem suficientes o lançamento de
folhetos e contatos telefônicos, foguetes de advertência são lançados dez
minutos antes do ataque. Houve um caso em que foi negociado por telefone com o
síndico o tempo de evacuação!
O que fazem o Hamas e a Jihad Islâmica?
Colocam seus armamentos, militantes e instalações no meio da população civil
para se protegerem. Eles não defendem os seus civis, que assim são feitos de
escudos humanos. A sua finalidade é propagandística também: expor os
israelenses como assassinos, procurando ganhar projeção na mídia internacional.
O Ministério da Saúde de Gaza, na verdade,
do Hamas, mais funciona como um ministério da propaganda à Goebbels.
Diariamente divulga o número de mortes palestinas a seu completo arbítrio, sem
discriminar os militantes/militares da população civil. É como se apenas civis
tivessem sido mortos, e não os terroristas. As vítimas civis mortas pelos
foguetes do Hamas-Jihad Islâmica que caíram dentro do próprio território de
Gaza não são sequer mencionadas, o que até já foi denunciado por uma entidade
palestina de direitos humanos. Para não falar de comandantes militares que
utilizam os próprios filhos como escudos, além do desmoronamento de casas
quando da destruição de túneis construídos abaixo delas.
O desprezo do terror pelos civis chega ao
ponto de foguetes serem lançados contra torres de transmissão de eletricidade,
em território israelense, que fornecem energia para Gaza. Corta energia para a
sua própria população e procura depois culpar os israelenses. O mesmo fazem
bombardeando comboios humanitários a eles destinados, impedindo o seu próprio
abastecimento. E tudo isso em meio a uma grande campanha midiática
internacional procurando criminalizar os “judeus”.
O Hamas, em sua própria carta fundadora,
tem como princípio a destruição do Estado de Israel. Não busca a paz, nem a
coexistência pacífica, nem a criação de dois Estados, como preconizado pela
Autoridade Palestina. Não é diferente das organizações palestinas que, em
1947-48, quando da partição da Palestina e da criação do Estado de Israel,
prometeram jogar os judeus ao mar. A mentalidade de algumas lideranças
palestinas não mudou. Ruim para os judeus, ruim para os palestinos e para
outras etnias e religiões que lá vivem.
*Professor de filosofia na UFGRS.
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