Folha de S. Paulo
Com campanha de intimidação, Bolsonaro
precisa evitar novos aumentos até a eleição
Depois de esbravejar, abrir uma guerra
política e lançar ameaças públicas à direção da Petrobras, o governo decidiu
fazer algo parecido com governar. A equipe de Jair Bolsonaro e aliados do
presidente começaram a discutir a
ampliação do Auxílio Gás que é pago aos brasileiros mais pobres e a criação de
um vale-combustível para os caminhoneiros.
Nenhuma das duas propostas resvala no
que Bolsonaro
chamou de "lucro estúpido" da Petrobras ou na "ganância
incontrolável" da empresa, nas
palavras do presidente da Câmara. Elas também não mexem na definição de
preços dos combustíveis, que continuam sob forte aperto no mercado internacional.
O governo pode até oferecer um alívio imediato a grupos mais sensíveis e desviar o foco das tensões com a companhia, mas tudo indica que a pressão política sobre a Petrobras vai continuar. Bolsonaro já deu repetidos sinais de que pretende manter sua campanha de intimidação contra a empresa para evitar novos reajustes até a eleição.
O presidente tem pouca
gordura política para queimar ao longo dos próximos meses. Qualquer
aumento de preços a partir de agora pode ser suficiente para corroer o valor
dos auxílios e vales entregues pelo governo, além de aborrecer ainda mais os
milhões de motoristas que estão fora desses programas.
O time governista deve continuar
trabalhando para que isso não aconteça. As ameaças preventivas lançadas sobre o
novo comando da Petrobras, que ainda nem tomou posse, fazem parte dessa
equação.
Os recados vieram em sequência. Aliados de
Bolsonaro mantiveram a coleta
de assinaturas para uma CPI e começaram a elaborar uma mudança na lei
para facilitar a demissão de diretores daqui por diante. O chefe da Casa Civil
cobrou "sensibilidade" da petroleira e o
ministro de Minas e Energia falou em "sacrifício".
Ninguém apresentou uma proposta concreta para mudar a política de preços da companhia. A ideia é que uma nova política já esteja valendo, na prática, até outubro.
Um comentário:
Governança de afogadilho,parece piada.
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