sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Vinicius Torres Freire - Lula começa a escolher seu Vini Jr.

Folha de S. Paulo

Problemas com a PEC da Transição criam crise no PT e elevam pressão pela escolha de ministros

Vini Jr. começaria no time titular? A maioria dos comentaristas dizia que Tite faria uma escalação "mais cautelosa". Ao que parece agora, o técnico da seleção já havia feito seus testes, escondido, e faz tempo escolhera o atacante do Real Madrid, ex-Flamengo.

Nesta quinta-feira de estreia do Brasil na Copa, a praça financeira estava animada com rumores. Corria o zum-zum de que Luiz Inácio da Lula Silva estaria fazendo testes com uma dupla no comando da economia: Fernando Haddad na Fazenda e Pérsio Arida no Planejamento e chutes similares.

Pelo que foi possível investigar, a escalação seria apenas uma hipótese, mas ao menos hipótese já cogitada por Lula (em vez de apenas boato do entorno). Quanto a Arida, não se sabe nem se ele estaria propenso a ir mesmo para o governo ou em que termos aceitaria a tarefa.

A animação era maior com a hipótese de Arida, liberal de fato, embora as tão faladas restrições de "o mercado" ao nome de Haddad sejam em parte maledicência de meia dúzia de figuras da finança e de outra meia dúzia de desafetos do PT. Segundo, difundiu-se entre negociantes de dinheiro a impressão de que os planos mais ambiciosos de gasto do "governo de transição" foram bombardeados pelo Congresso. Lula teria de recuar, aceitar uma "licença para gastar" menor e transitória.

O grosso desses parlamentares está, claro, mais preocupado em manter Lula sob cabresto do que com o crescimento da dívida pública. Mas há gente que se opõe à "PEC da Transição" gorda, de gasto adicional de quase R$ 200 bilhões, por convicção econômica

Terceiro, sabe-se que enfim petistas próximos de Lula passaram a lhe dizer, ainda cautelosamente, que é preciso "adiantar um pouco" a escolha da equipe econômica.

senador Jaques Wagner (PT-BA) disse até em público que conversaria com Lula sobre o assunto nesta sexta-feira. Mas a pressão nas internas petistas aumentou bastante, dado o enrosco político com a PEC, com a terrível repercussão do aumento desmedido da dívida e com "recados" de aliados recentes do petismo.

Como se diz no futebol, tem ainda "crise no PT", entre pessoas que seguem ordens estritas de Lula, e assim têm sua confiança, e aquelas que ora não estão na cozinha do presidente eleito: próximas, mas mais independentes.

Geraldo Alckmin tem tentado baixar a fervura e arrumar um meio do caminho em que todo mundo da "frente" possa se encontrar, falando em público sobre diretrizes de um plano de "nova regra fiscal", de medidas que coloquem a dívida pública sob controle.

As taxas de juros caíram um tico, embora ainda mais de um ponto percentual acima nível da véspera do Lula Day (em nove de fevereiro; como no caso da taxa para um ano).

"Tudo que sabemos sobre o insustentável é que não pode continuar para sempre (lei de Stein). O corolário de Dornbusch é: mas vai durar mais tempo do que se pensava possível e vai terminar quando menos se espera", escreveram os economistas Willem Buiter e Catherine Mann em um texto sobre a "Teoria Monetária Moderna", aquela que anima alguns espíritos adeptos da ideia de que mais "gasto é vida" e que não tem consequências, em qualquer hipótese.

O "insustentável" pode ser qualquer problema macroeconômico ruim: dívida pública e/ou déficit externo grandes e crescentes; inflação.

As frases citadas são variantes daquelas atribuídas aos economistas Herbert Stein (1916-1999) e Rudiger Dornbusch (1942-2002). O texto de Buiter e Mann é "Modern Monetary Theory: What’s Right Is Not New. What’s New Is Not Right, and What’s Left Is Too Simplistic", uma rápida introdução crítica ao assunto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lula está preparando 2026 com o poste novamente, agora com licença para gastar

ADEMAR AMANCIO disse...

Ave Maria!