Folha de S. Paulo
Aliados de Lula patinam em primeiro
depoimento e exibem começo morno na comissão
Dez dias após os ataques de 8 de
janeiro, Lula disse
que a ideia de criar uma CPI para
investigar a tentativa de golpe era uma furada. As
investigações aceleradas no Supremo e o risco de que a comissão fugisse do
controle fizeram com que o presidente desestimulasse uma apuração no
Congresso. "Nós não
precisamos disso", afirmou o petista.
O governo e seus aliados passaram a encarar a CPI como uma fonte de desperdício de energia, não como oportunidade de ir a fundo nos detalhes dos atos golpistas. O início morno da comissão reflete essa escolha.
A bancada governista patinou no depoimento
de Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF. Gastou tempo demais para
expor a afinidade óbvia do depoente com Jair Bolsonaro e demorou para martelar
provas de direcionamento político nas blitze da corporação no segundo turno.
O ex-diretor usou ferramentas conhecidas e
conseguiu escapar do aperto: distorceu dados, fugiu de questionamentos
incômodos e foi favorecido pelo tumulto produzido por parlamentares
bolsonaristas.
Os aliados de Lula ocuparam a
maioria das cadeiras da CPI com a intenção de controlar o ritmo
da comissão, manter o golpismo bolsonarista em evidência e evitar que a
oposição usasse brechas para desgastar o governo. Em outras palavras, os
objetivos principais eram proteger o governo e cumprir tabela.
Os parlamentares dessa maioria ainda não
demonstraram interesse ou planejamento para fazer uma investigação que exponha
novos detalhes sobre o uso da máquina bolsonarista e as impressões digitais de
políticos e financiadores nos atos golpistas. Até aqui, tudo indica que a CPI
ficará a reboque do STF.
Os governistas precisarão fazer um esforço
adicional porque a comissão não repetiu a dobradinha da CPI da Covid, com Omar
Aziz na presidência e Renan Calheiros na relatoria. O presidente da CPI do 8 de
janeiro é Arthur Maia, que está mais próximo de Bolsonaro que de Lula e bancou o
lobby pela convocação de Gonçalves Dias, ex-ministro do petista.
Um comentário:
Pois é.
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