sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Rogério Furquim Werneck - Pochmann, Mantega e muito mais

O Globo

A incapacidade de Lula de aprender com erros de política econômica passados

Passada a onda de manifestações de indignação com a deplorável nomeação de Marcio Pochmann para a presidência do IBGE, é preciso reflexão mais ampla sobre o significado do fato. Há que se dar atenção ao que a decisão revela sobre a visão de mundo torta e retrógrada que ainda viceja na Presidência da República e na cúpula do Partido do Trabalhadores (PT).

Não se trata de fato isolado. A nomeação apenas realça com cores mais fortes evidências que se acumulam. E que apontam para a extensão das dificuldades que o presidente continua a enfrentar para se livrar do que há de mais arcaico no seu vasto acervo de ideias equivocadas.

Com tamanho apego a tal credo, Lula resiste a se permitir o aggiornamento de sua visão de mundo que lhe daria condições de conduzir seu partido e seu governo num projeto de efetiva modernização do país.

Sua incapacidade de aprender com erros de política econômica passados decorre do trauma mal resolvido que, para Lula e o PT, representou o desastroso mandato e meio de Dilma Rousseff. Aferrados a irredutível negacionismo, Lula e o partido jamais conseguiram desenvolver uma narrativa apresentável do que se passou entre 2011 e 2016.

Como já insisti aqui em artigos anteriores, ao denunciar o impeachment como golpe, o partido permitiu-se não discutir o que de fato importava. E se eximir de qualquer reflexão crítica, seja sobre o colossal descarrilamento da economia perpetrado por Dilma Rousseff, seja sobre a mão de ferro com que Lula a apontara como sua sucessora, em 2010.

Diante da extensão do comprometimento do PT com o que ocorrera, o que acabou se impondo, no projeto de recondução de Lula ao Planalto, foi a aposta no pacto de manter o partido coeso, com olhos fechados para erros e excessos cometidos, em amnésia coletiva, sem recriminações e autocríticas.

A questão é quanto tal pacto ainda poderá custar ao país. Ao insistir em reprimir reflexões críticas sobre o que de fato aconteceu, o governo não terá como extrair lições de erros passados. E permanecerá propenso a voltar a cometê-los. Como agora se vê.

O que é espantoso é que, na contramão do que deveria fazer, o Planalto esteja empenhado em campanha de reabilitação dos principais responsáveis pelo desastre do último governo petista. Após ter conseguido alçar Dilma Rousseff à presidência do banco dos Brics, Lula e o PT alimentam agora a estapafúrdia fantasia de poder guindar Guido Mantega ao cargo de diretor-presidente da Vale.

A fixação pela empresa decorre da ainda indisfarçável irritação do partido com sua privatização, ocorrida há mais de 26 anos, no primeiro governo FH. Ao que parece, na agenda petista de restauração do passado, seria um grande feito conseguir que alguém como Mantega passasse a dar as cartas na mineradora.

Mas foi em relação a medidas tomadas por outros governos não-petistas mais recentes que, de início, o furor restauracionista do partido assumiu proporções mais radicais. Chegou a haver pregação aberta de desmantelamento de tudo que tivesse sido concebido e implementado pelo governo Temer para lidar com o descalabro que lhe deixara a antecessora.

Do teto de gastos à Lei das Estatais. Da reforma trabalhista à política de preços de derivados de petróleo. Tampouco escaparam a tal furor a reforma previdenciária, a independência do Banco Central, a privatização da Eletrobras e a reforma do saneamento, aprovadas no governo Bolsonaro.

Mas, ao longo dos últimos meses, Lula e o PT vêm percebendo que desfazer tudo isso seria politicamente inviável. Não é que tenham mudado de ideia. Apenas deram-se conta dos limites do possível. Mas estarão prontos a voltar à carga, se a correlação de forças mudar.

Por enquanto, concentraram-se no desmantelamento do teto de gastos e da regra de alinhamento de preços internos de combustíveis a preços internacionais. Mas já se sabe que tanto o novo arcabouço fiscal como a nova gestão da Petrobras já estão na linha de tiro do PT. Tanto num caso como noutro, o partido quer algo bem mais radical. E ruinoso.

 

Um comentário:

hisayo nanami disse...

ESSE MAL FORMADO ECONOMISTA NÃO PASSA DE UM HOLOFOTISTA DESESPERADO POR PALCO, COMO TANTOS PELAS AÍS...
SÓ PRA LEMBRAR ALGUNS: DELTANS, ZAMBELLIS, DO VALS, DELGATTIS, BOZOS, ESSAS RAÇAS RUINS.
RFW É SÓ MAIS UM DESSES, MAIS UM FIGURÃO DE ARAQUE, NADA SÉRIO OU IMPORTANTE.