O Estado de S. Paulo
Do que PL e bolsonaristas serão capazes quando, e se, Jair Bolsonaro for condenado? Outro 8/1?
Depois que vândalos saíram do entorno do QG
do Exército para violar as sedes dos três Poderes, no fatídico 8/1, agora são
os vândalos do próprio Congresso que invadem os plenários, tomam de assalto as
cadeiras dos presidentes da Câmara e do Senado e horrorizam o País, em cenas
deploráveis contra o Parlamento e a democracia. Do que serão capazes quando, e
se, Jair Bolsonaro for condenado à prisão definitiva?
O Brasil está sob ataque externo e interno, depois de ter sobrevivido, mais unido e mais forte, a um golpe de Estado que começou a ser articulado ainda nas eleições de 2018 e ganhou corpo no mandato de Bolsonaro, com cooptação de militares, intervenção em instituições, planos, minutas e trocas de mensagens em 2022. Quanto mais perto da eleição, mais o golpe se tornava real, concreto. A democracia, porém, venceu.
Lula e Alckmin não foram mortos nem presos,
tomaram posse e exercem o poder que o povo lhes concedeu, sujeitos a críticas e
cobranças da mídia, da sociedade e da oposição. Alexandre de Moraes, líder da
resistência, também não foi morto nem preso e continua fazendo o que lhe cabe,
de fato e de direito, no estado democrático de direito. A tensão, porém, nunca
se dissipou e, na reta final do julgamento do golpe, os aliados de Bolsonaro
voltam a se mostrar prontos a tudo que seu mestre mandar, ou quiser, contra
Congresso, STF e Moraes, como em 2022 e 2023.
Com as tarifas de 50% e a Lei Magnitsky
contra Moraes para exigir o fim do processo contra o ex-presidente, Donald
Trump abriu caminho para a guerra do PL e de bolsonaristas pela anistia aos
golpistas e o impeachment do ministro do STF. Em vez de defenderem o Brasil,
apoiam o ofensor, com o mesmo objetivo: trocar o interesse nacional pelo
interesse de Jair Bolsonaro. E, ao determinar a prisão domiciliar, Moraes deu o
gás que eles queriam para ameaçar a democracia novamente.
A maior vítima dos atos do PL, que tem apoio
de PP e União Brasil (triste fim do DEM...), foi a autoridade do presidente da
Câmara. O vídeo de Hugo Motta, com um sorrisinho sem graça, tentando furar o
bloqueio dos vândalos para sentar na própria cadeira, diz muito do atual
Congresso, do perigo que ronda as instituições e da fraqueza do comando da
Câmara.
Em sendo assim, quem lidera a resistência?
Ele, Moraes, que não pode reagir com o fígado, mas com a razão, para não
contrariar seus próprios aliados naturais, dentro e fora do STF, ainda mais
quando a embaixada americana avisa que está “monitorando” quem o apoia e ameaça
os demais ministros do STF. Mais um insulto inadmissível dos EUA à soberania
nacional.
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