domingo, 25 de março de 2012

Aliados tentam assegurar vitória folgada a Serra

Preocupação é evitar que adversários usem o discurso de que o PSDB não tem candidato de consenso em São Paulo

Silvia Amorim

SÃO PAULO. A primeira prévia da história do PSDB em um grande colégio eleitoral, hoje, em São Paulo, deverá recolocar o ex-governador José Serra no cenário eleitoral, mas também posicionar o partido diante de um tabu. Numa legenda em que a consulta a filiados nunca foi prática comum, a experiência na maior cidade do país tende a reacender a pressão sobre o uso das prévias para escolha do presidenciável tucano em 2014.

Cerca de 6 mil filiados são esperados hoje em 55 locais de votação na capital paulista. Além de Serra, disputam o voto da militância o deputado federal Ricardo Trípoli e o secretário estadual de Energia, José Aníbal. Fiador da prévia tucana, o governador Geraldo Alckmin abrirá a votação por volta das 9 horas. Pela manhã votarão ainda Aníbal e Tripoli. Serra irá às urnas a partir das 12h30m.

Segundo lideranças do PSDB, a vitória do ex-governador é fato consumado. A declaração de voto de Alckmin em Serra, há dez dias, tem sido apontada como o maior indicativo disso. Na reta final, a preocupação dos aliados de Serra era assegurar a ele uma vitória folgada, entre outros motivos, para evitar dar aos adversários o discurso de que a candidatura não é consenso nem no partido. Assim que o resultado for anunciado - por volta das 16h - , um ato com Serra, Aníbal e Trípoli será feito para demonstrar unidade.

Apesar do favoritismo do ex-governador, Tripoli e Aníbal não abandonaram o discurso da vitória.

- Estou confiante que vou ganhar. Foram meses de diálogo com a militância e compartilhando com eles o desejo de mudança e participação - disse Aníbal, na sexta-feira.

-Trabalhamos muito para isso. Estou confiante. Acho que o grande vitorioso dessas prévias é o filiado, que resgatou sua autoestima - afirmou Trípoli.

Serra, medindo as palavras, depois da polêmica que causou a declaração de que assinara um "papelzinho" na eleição de 2004 ao se referir à promessa de não abandonar o cargo de prefeito, passou a semana evitando o clima de já ganhou.

- Vamos esperar. Não vou ficar fazendo previsões - disse na quarta-feira, quando fez seu último evento público antes da consulta aos filiados.

A prévia tucana foi acompanhada de perto pela direção nacional do PSDB. Ela tem sido considerada a primeira grande experiência do partido, embora tenha sido feita no Acre, em 2008 e, nesta semana, em Embu das Artes (SP) para definir o candidato a prefeito.

- Isso mudará a visão das pessoas sobre o partido, que se mostrará mais democrático - disse o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini.

Nas duas últimas eleições presidenciais, o partido resistiu às prévias. Nas duas ocasiões, aliados de Serra trabalharam para evitar a disputa interna. Hoje, dois anos antes do pleito de 2014, há grupos defendendo a realização delas para a definição do próximo presidenciável. Para disputar com o senador Aécio Neves, a lista de nomes lançados nos bastidores já é grande. Inclui os senadores Álvaro Dias e Aloysio Nunes Ferreira e o governador Marconi Perillo. Serra promete desta vez não abandonar a prefeitura, se eleito, para lançar-se na eleição.

Nesta semana, Serra evitou falar sobre a repercussão que a prévia poderá ter no partido.

- A ideia de fazer prévia aqui, em parte, foi minha em outro momento. Mas é uma experiência que vai ter que ser avaliada ainda - comentou.

FONTE: O GLOBO

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