Em laudo entregue ao STF, cinco médicos especialistas em cardiologia indicados pela Universidade de Brasília (UnB) concluíram que o deputado licenciado José Genoino (PT-SP) está em boas condições de saúde, não tem cardiopatia grave e, portanto, não é imprescindível sua permanência em casa para tratamento. Para os cardiologistas, após passar por "intenso estresse emocional", Genoino apresentou manifestações clínicas de "forte componente psicossomático". O laudo servirá de base para decisão da Justiça sobre o pedido dos advogados de defesa para que ele cumpra a pena por participação no mensalão em casa. Genoino está em prisão domiciliar desde o final de semana, quando recebeu alta do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. Na Câmara, o PT continua articulando para conceder ao deputado a aposentadoria por invalidez, livrando-o de punição.
Genoino não sofre de doença grave, diz laudo
Parecer assinado por cardiologistas e entregue ao Supremo conclui que não é "imprescindível" permanência de deputado petista em prisão domiciliar
Felipe Recondo, Mariângela Gallucci
BRASÍLIA - Num laudo entregue ao Supremo Tribunal Federal, cinco médicos especialistas em cardiologia concluíram que o deputado federal licenciado José Genoino (PT-SP) está em boas condições de saúde, não tem cardiopatia grave e, portanto, não é imprescindível a sua permanência em regime de prisão domiciliar para tratamento.
Para os cardiologistas, após passar por "intenso estresse emocional", Genoino apresentou manifestações clínicas "de forte componente psicossomático" como cefaleia, palpitações, tontura, anorexia, diarreia e episódios de constipação.
Emitido por médicos indicados pela Universidade de Brasília (UnB), o laudo servirá de base para decisão da Justiça sobre o pedido dos advogados de Genoino para que ele cumpra a pena por participação no mensalão em casa.
Condenado pelo Supremo a uma pena de seis anos e 11 meses pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, Genoino iniciou a execução da pena em regime semiaberto, mas está em prisão domiciliar desde o fim de semana, quando recebeu alta do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal.
Na semana passada, ele foi levado para a instituição especializada no tratamento de problemas cardiológicos após ter reclamado de dores e ter dito que havia tossido catarro com sangue. Seus advogados chegaram a dizer que havia suspeita de enfarte.
Psicossomática. No entanto, para os médicos, o quadro tem origem psicossomática. Sobre a tosse com sangue, eles chegaram à conclusão de que o problema decorre da administração de doses altas do anticoagulante Coumadin. O medicamento foi prescrito após Genoino ter apresentado um quadro de isquemia cerebral dias depois de o deputado ter sido submetido a uma cirurgia para dissecção da aorta (operação na maior artéria do corpo).
"Provavelmente, o distúrbio da coagulação, manifestado atualmente por ocasionais episódios de escarro ferruginosos e de sangramento nasal, deveu-se ao inadequado controle da dose do medicamento", concluíram os cardiologistas.
Em relação à cirurgia de dissecção da aorta, os médicos disseram que o problema foi corrigido na intervenção cirúrgica. De acordo com eles, atualmente Genoino está "com condição patológica tratada e resolvida". No entanto, deve ser submetido a acompanhamento ambulatorial periódico.
Os especialistas também avaliaram o quadro de hipertensão arterial do deputado que, segundo eles, é leve a moderado. Conforme os médicos, o problema está controlado por meio do uso continuado de medicamentos. O tratamento deve ser acompanhado de dieta com pouco sódio, prática regular e moderada de atividade física aeróbica e restrição da influência de fatores psicológicos estressantes.
Resolução. Um dia antes de ordenar a prisão dos condenados no mensalão, o presidente do Supremo assinou uma resolução criando uma classe processual na Corte: a Execução Penal, cuja sigla é EP. A Execução Penal número 1 é a do deputado federal licenciado José Genoino (PT-SP), a de número 2, do ex-ministro José Dirceu, e a 3, do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.
Pela nova resolução do STF, assinada no último dia 14, o relator do processo criminal será o responsável pela execução penal, que tramitará de forma eletrônica.
Diagnóstico
"(Genoino está) com condição patológica tratada e resolvida"
"Provavelmente, o distúrbio da coagulação, manifestado atualmente por ocasionais episódios de escarro ferruginosos (...) deveu-se ao inadequado controle da dose do medicamento"
Trechos do laudo entregue ao STF
Fonte: O Estado de S. Paulo
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