Paulo Gordilho diz a Moro que operários do tríplex vieram de Salvador
Dimitrius Dantas e Cleide Carvalho | O Globo
-SÃO PAULO- Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o engenheiro da OAS Paulo Gordilho detalhou ontem que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano, fazia pedidos a ele por meio de Fernando Bittar, a pessoa em nome de quem o sítio de Atibaia (SP) está registrado em cartório. Em depoimento na semana passada, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro havia dito que a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha o interesse em passar as festas de fim de ano no tríplex do Guarujá, também em São Paulo.
Segundo Gordilho, os funcionários que fizeram a obra pela OAS vieram de Salvador. O juiz Sergio Moro questionou o arquiteto sobre uma troca de mensagens na qual o arquiteto afirmou que os trabalhadores ficaram hospedados no sítio e que “a Dama me pediu isto para não ficarem na cidade”.
— Certamente para o pessoal não ficar na cidade conversando — respondeu Gordilho sobre o possível motivo para a recomendação de Marisa Letícia. — Apenas porque também esse pessoal, dormindo no sítio, não tinha que ficar transportando da cidade para o sítio todo dia. E porque saía mais ligeiro, tinha um prazo de entregar essa cozinha antes do São João, então ela foi feita a toque de caixa.
Paulo Gordilho ainda foi responsável pelos pagamentos à empresa Kitchens, contratada para a construção das cozinhas planejadas instaladas tanto no sítio de Atibaia como no tríplex do Guarujá. O valor dos móveis para o sítio em Atibaia chegou a R$ 170 mil. Segundo o arquiteto, o pagamento foi feito em dinheiro. O valor em espécie foi entregue pelo próprio Paulo Gordilho após a demora para que os funcionários da Kitchens buscassem os valores na sede da OAS.
— O dinheiro foi oriundo da OAS. Eu liguei para a Kitchens para buscarem o dinheiro e não ia, não ia, não ia. Liguei para o senhor Fernando Bittar para ele pegar e ir pagar, porque estava tudo no nome dele. E o tempo estava passando, São João não muda de posição e ia terminar não dando tempo — disse o engenheiro da OAS.
Gordilho, então, pegou os valores e levou à Kitchens.
— Não deveria fazer, porque ficar andando em São Paulo com 170 mil (reais)... — afirmou.
As perguntas sobre o sítio em Atibaia geraram reclamações dos advogados do ex-presidente Lula, uma vez que a ação aborda apenas as reformas feitas no tríplex em Guarujá. Ao responder sobre os pagamentos no sítio de Atibaia, o próprio arquiteto ironizou a pergunta feita.
— Apesar desse assunto não ser Atibaia... Que aí fica essa mistura de assuntos.
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