Paulo Gordilho declarou que estava acompanhado de Léo Pinheiro na ida à cidade onde mora o ex-presidente
Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Luiz Vassallo | O Estado de S. Paulo
CURITIBA - Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o executivo Paulo Gordilho, ligado à OAS, contou que foi a São Bernardo do Campo – município do ABC paulista -, mostrar ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dois projetos relacionado ao sítio Santa Bárbara, de Atibaia, no interior de São Paulo, e ao triplex 164-A, no Guarujá, no litoral paulista. A Operação Lava Jato atribui as duas propriedades ao petista, que nega.
Gordilho narrou a Moro que foi à cidade onde mora o ex-presidente acompanhado do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro.
“Quando Léo queria os dois projetos prontos, ele queria passar para o ex-presidente e a ex-primeira-dama (Marisa) os projetos. Eram três folhas de papel com a foto de Atibaia, da cozinha de Atibaia e um caderninho do projeto de customização do Guarujá e ele queria passar. Só que ele viajou e não pôde levar isso. Aí ele pediu para o motorista me pegar num sábado de manhã e nós fomos até São Bernardo do Campo. Fui eu e ele”, declarou.
“Fomos lá e explicamos os dois projetos. Eu peguei com Roberto (Moreira, também da OAS) para analisar, para ver o que era, para poder chegar lá e explicar.”
Segundo o executivo, nesta ocasião, foram mostrados a Lula e dona Marisa (morta em fevereiro passado vítima de um AVC) o projeto para as duas propriedades.
“O sítio de Atibaia, na realidade, não era nem um projeto, que o projeto a Kitchens fez. Mas ela fez umas plantas decoradas que até um leigo completo saberia ver, que é ver uma foto de uma cozinha pronta apesar de não estar pronta, estar desenhada, colorida, né, com prato, talher, tudo em cima, mas uma foto de arquitetura, não era um projeto em si”, disse.
“Neste dia lá em São Bernardo do Campo foi mostrado os dois.”
“Para o ex-presidente?”, quis saber Moro.
“É”, respondeu Gordilho.
“Houve concordância com o projeto?”, questionou o magistrado.
“Eu diria que houve, porque tanto que foi feito. Mas, vamos dizer assim, eles não entenderam bem. Tirando a cozinha de Atibaia que era uma foto, não pode também exigir que dona Marisa e o ex-presidente conheçam projeto de planta baixa, corte de um projeto de arquitetura, entendeu?”, disse o executivo.
Paulo Gordilho foi interrogado em ação penal na qual é réu também o ex-presidente Lula. O petista é acusado de receber R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao suposto recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do triplex no Guarujá, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016.
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