Nova rodada de votação se mostra essencial para o escrutínio dos candidatos
Concluída a três dias da votação, a nova pesquisa Datafolha ainda aponta como cenário mais provável um segundo turno na eleição presidencial. Melhor que seja assim.
Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) aparecem, mais uma vez, bem à frente dos demais concorrentes. O primeiro subiu a 35% das preferências, ante os 32% apurados na sondagem anterior, realizada na terça-feira (2).
Tal marca corresponde a 39% dos votos válidos, percentual que está a uma considerável distância da maioria necessária para definir a disputa já no domingo (7). A rejeição ao capitão reformado permanece a mais alta do pleito, em 45%.
Também os índices de Haddad mostram estabilidade. Escolhem o petista 22% dos entrevistados, ante 21% na antevéspera. Outros 40% afirmam que não votariam nele em nenhuma hipótese.
Não se notam, até aqui, sinais de sucesso dos apelos pelo chamado voto útil que partem das candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
Dono de mais de 40% do tempo de propaganda no rádio e na TV, o tucano, que se apresenta como a opção mais segura para o eleitor antipetista, tem meros 8% das intenções de voto, patamar mantido desde o início da campanha, com variações na margem de erro.
Já o pedetista, com 11%, ostenta o favoritismo numa hipotética disputa direta contra Bolsonaro. Entretanto o eleitorado de Haddad, herdado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem demonstrado fidelidade. Na simulação de confronto entre os candidatos do PSL e do PT, há empate técnico.
Se a possibilidade de outro desfecho não pode ser descartada, inexiste sombra de dúvida, na visão desta Folha, de que um segundo turno convém ao país.
Bastaria recordar aqui que Bolsonaro e Haddad nunca se avistaram em um debate —o primeiro passou boa parte da campanha recolhido, vítima de um desvairado ataque a faca; o segundo só assumiu oficialmente a condição de presidenciável em 11 de setembro.
Ambos ainda devem esclarecimentos cruciais não apenas a respeito de suas plataformas de governo, mas até mesmo de como pretendem construir alianças e tratar opositores em caso de vitória.
O líder nas pesquisas não dispõe de experiência no Executivo, mostra desconhecer seu programa, representa um partido minúsculo e cultiva uma retórica de intolerância, quando não de autoritarismo.
A legenda oponente chama adversários de golpistas, escapismo para não assumir a corrupção e a ruína econômica em seus governos. Seu líder máximo conduz a campanha na prisão, em Curitiba.
Talvez seja otimismo exagerado imaginar que um segundo turno vá incentivar moderação e diálogo desta vez. De todo modo, a necessidade de maior escrutínio dos postulantes se impõe.
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