Em
tempos eleitorais, não há quem queira admitir que uma segunda onda da COVID-19
está chegando entre nós, assim como chegou na Europa e nos Estados Unidos.
Exatamente um ano após a 1ª infecção associada à COVID-19 em Hubei, na China, o
mundo registra recorde de mortes pela doença nos últimos dias. Até esta data,
já ultrapassamos a 1.340 mil mortos e mais de 56 milhões de casos confirmados.
No Brasil, chegamos a quase 170 mil mortos.
A
consultoria Macroplan, do economista Claudio Porto, especializada em cenários
prospectivos, mapeou os dez fatores que vão influenciar os rumos do país na
próxima década no estudo recém lançado “O que será do Brasil pós-COVID: um
Ensaio Prospectivo até 2030”. O resultado é baseado em uma pesquisa junto a 139
pessoas qualificadas, entre executivos, gestores, acadêmicos e especialistas
dos setores privado, público e do 3º setor.
A
sensação generalizada, diz o estudo, é que com a crise da saúde pública sendo
irresponsavelmente politizada, órfã de coordenação do governo Federal para
planejar e agir com eficiência nas batalhas que o país precisa vencer neste
campo, não há dúvidas de que o cenário atual deixará marcas. E não são
favoráveis as perspectivas futuras.
Do
endividamento público ao ensino à distância, do comércio digital à evolução das
mídias sociais, o país será impactado por vários fatores que a consultoria
analisou. Para a Macroplan, o Brasil iniciará o novo ciclo muito provavelmente
como o 2º país emergente mais endividado do mundo e posicionado entre os cinco
maiores em número de mortos pela COVID-19. Até 2030, a consultoria enxerga seis
tendências consolidadas, qualquer que seja o cenário.
Em
dez anos o país terá 225 milhões de habitantes e continuará diverso e desigual.
Seguindo o estudo seminal do economista Edmar Bacha, criador da Belíndia, país
fictício que une a riqueza da Bélgica com a pobreza da Índia, a Macroplan,
mantida a trajetória atual, define que haverá cinco realidades no que se refere
à renda per capita, com um grupo de Estados com renda equivalente ao Uruguai
(RS,SC, PR, SP), outro com renda similar à da China (RJ, ES, MG, GO, DF MS), um
terceiro grupo mais parecido com o Paraguai (MT, RO, TO, CE, RN, PB, PE ), um
quarto equivalente à Jamaica (BA, SE , AL, AM, RR) e um grupo mais próximo da
realidade atual da Bolívia (PA, AC, AP, MA, PI).
No
estudo da Macroplan, o Brasil também permanecerá dividido em quatro grupos de
Estados no que tange a concentração de renda. Neste caso, as comparações internacionais
recaem sobre o Chile, Panamá, o próprio Brasil e a Zâmbia.
Até
o final da década dos 20, o Brasil seguirá como “um país de renda média”, ou
seja, emergente e distante dos economicamente desenvolvidos, ainda mais
distante de países como China e Índia. A infraestrutura seguirá deficiente nos
principais segmentos: rodovias, ferrovias, portos, oferta de energia,
mobilidade urbana, saneamento, educação, saúde e segurança.
Mas
este será um campo repleto de boas oportunidades para investimentos privados,
se houver segurança jurídica para PPPs e concessões. A economia será
parcialmente amparada pelos bons resultados do agronegócio, com o Brasil sendo
o grande supridor global de alimentos (soja, carne, açúcar, café e suco de
laranja), assim como a produção e exportação de minério de ferro e celulose.
Como
um dos países mais populosos do mundo, o mercado interno continuará atrativo em
escala global (10º maior mercado consumidor), pois o escoamento de produtos
será facilitado sobretudo pela malha rodoviária do país (ainda que precária, a
4ª maior malha mundial) e por uma rede de cidades integrada e acessível.
Para além destas tendências consolidadas e dos grandes condicionantes macroeconômicos e político-institucionais, o Brasil passará por transformações profundas, muitas turbinadas pela pandemia. O estudo da Macroplan analisou os dez principais catalisadores que irão moldar o futuro do país e que precisam ser acompanhados de perto pelas lideranças e agentes públicos e do setor produtivo. ((Amanhã, os catalisadores do futuro).
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