Pandemia
está no fim e prospera o negócio do Zero Quatro
Uma
vez que são escassos os elogios à sua obra, o presidente Jair Bolsonaro
aproveitou uma viagem ao Rio Grande do Sul para dizer, ontem, que o Brasil vive
“o finalzinho da pandemia” e que seu governo, “levando-se em conta os de outros
países, foi o que melhor se saiu ou um dos melhores no tocante à economia”.
No
finalzinho da pandemia, 21 dos 26 Estados registraram alta no número de casos
da Covid-19, e em 7 capitais as UTIs estavam lotadas. Foram mais 769 mortes e
53.359 pessoas vítimas da doença no espaço de 24 horas. O total de mortos desde
março último deverá ultrapassar, hoje, a casa dos 180 mil.
É
muita gente que perdeu a vida. No mundo, o Brasil só está atrás dos Estados
Unidos em número de mortos pelo vírus que Bolsonaro chamou de gripezinha. Na
Guerra do Paraguai, o conflito armado mais sangrento da história da América
Latina que completou 150 anos, morreram cerca de 50 mil brasileiros.
Quanto ao desempenho da economia durante a pandemia, Bolsonaro não se preocupou em apresentar dados para sustentar o que disse. Aproveitou a ocasião para também deixar sem resposta a denúncia de que uma empresa que tem contrato com seu governo trabalhou de graça para Renan Bolsonaro, o Zero Quatro.
Segundo
a Folha de S. Paulo, a produtora Astronautas Filmes, que só este ano recebeu
1,4 milhão de reais do governo Bolsonaro por filmes publicitários para os
ministérios da Saúde e da Educação, fez gratuitamente a cobertura com fotos e
vídeos da festa de inauguração da empresa de eventos de Renan em outubro
passado.
As
construtoras Odebrecht e OAS, duas das maiores clientes do governo do
presidente Lula, reformaram sem nada cobrar o apartamento que Lula nega ter
comprado na praia do Guarujá, em São Paulo, e o sítio de Atibaia que ele
frequentava junto com a família. Lula foi condenado nos dois processos. Qual a
diferença?
Se
o filho de uma autoridade pública, mesmo não sendo servidor público, “recebe um
benefício de uma empresa beneficiada por decisões de órgãos subordinados à
autoridade, isso pode configurar uma violação séria à ética pública”, diz Mauro
Menezes, ex-presidente da Comissão de Ética da Presidência da República.
O Zero Quatro está se dando bem por ser filho de quem é, mas sabe retribuir favores. Um grupo de empresários do Espírito Santo que o ajudou na montagem de sua empresa conseguiu por meio dele uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Regional para apresentar um projeto de construção de casas populares.
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