O Estado de S. Paulo
Alguém pode dizer ao presidente para ouvir e pensar, antes de falar?
Em boca fechada não entra mosca, mas o
presidente Jair Bolsonaro não para de falar absurdos que têm imenso impacto,
ora na saúde e na vida das pessoas, ora na credibilidade do Brasil, ora
diretamente na economia brasileira. Impressionante!
Por sorte, os brasileiros confiam nas
vacinas, antes para o combate a doenças que foram praticamente erradicadas,
agora para resistir à covid-19. Se tivessem seguido a orientação e o exemplo do
presidente, a pandemia teria sido ainda mais drástica.
Por sorte também, o Brasil tem história, tradição, excelentes institutos, um bom sistema público e profissionais muito capacitados na área de saúde pública. Nossos epidemiologistas são incansáveis, um consolo.
Nem eles nem a Anvisa, porém, estão
decidindo a reação nacional à variante Ômicron. Diz o ditado, fundamental na
medicina, que é melhor prevenir do que remediar. Aparentemente, a Ômicron
contagia muito, mata pouco e não é tão perigosa quanto se temia, mas não se
pode abrir a guarda antes de ter certeza com base em estatísticas e estudos de
laboratório.
A Anvisa recomenda a suspensão de voos de
novos países da África e a exigência de vacinação para quem entrar no País. Mas
nem estava na lista da reunião de ontem, que acabou cancelada, entre os
“cientistas” Ciro
Nogueira (Casa Civil), Anderson Torres
(Justiça), Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Marcelo Queiroga (Saúde).
Era uma reunião só para dizer amém a Jair
Bolsonaro, que não quer medida nenhuma? Além de não se vacinar, ele já divulgou
fake news espantosas: máscaras fazem mal às crianças, a segunda dose causa
Aids... E a do jacaré?
Bolsonaro, que já atacou China, países
árabes, presidentes e ex-presidentes de França, Chile, Argentina e até Joe
Biden, adora criar confusão com órgãos e empresas públicas, a última com a
Petrobras. E foi um tiro no pé. Ele anunciou queda nos preços de combustíveis
nesta semana, mas a Petrobras desmentiu, dizendo que não tem nada decidido.
Se haveria redução de preços, não há mais,
para não confirmar o vazamento de informações estratégicas e sigilosas para uso
político. A Comissão de Valores Mobiliários abriu processo administrativo para
apurar.
O Supremo investiga Bolsonaro por
ingerência política na Polícia Federal, o TCU desmentiu um estudo fake
alardeado por ele sobre mortes por covid, a PF apura o vazamento de informações
sigilosas sobre um ataque hacker ao TSE, numa live dele, e o próprio TSE abriu
inquérito sobre fake news do presidente contra as urnas eletrônicas. Ufa! O que
Bolsonaro tem na cabeça?
Um comentário:
Titica, é claro!
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