Folha de S. Paulo
Debate não deve ser entre Bolsonaro e Lula,
mas sobre passado e futuro
As prévias
do PSDB confirmaram a vocação democrática do partido e a necessidade
de mudarmos o Brasil. Precisamos da ajuda de todos, da união do PSDB e da
convergência com outros líderes e agremiações para elaborar, a partir de agora,
um projeto nacional inovador e realista. Um projeto que vai consertar o Brasil,
sem imposições, nem personalismos. Queremos conquistar corações e mentes para
superar a polarização que tem servido para empobrecer o país.
De tudo o que debatemos nas prévias e das
experiências que o PSDB semeou
ao longo de sua história, podemos listar sete pontos iniciais, que iremos
detalhar com especialistas:
1 - Acabar com a fome:
o país que é celeiro do mundo não pode ter quase 30 milhões de pessoas vivendo
com menos de R$ 9 por dia. Nosso primeiro olhar será para milhões de
brasileiros que hoje se encontram na miséria. Defendemos programas de
transferência de renda, sem furar o teto de gastos, com ensino integral para as
crianças, programas de geração de renda e emprego. Com contas sustentáveis,
fazer reformas não para gerar superávit primário, mas para garantir a inclusão
dos mais pobres;
2 - Gerar empregos: emprego é consequência direta do investimento. A melhoria do rendimento médio do trabalhador está ligada à formação educacional e técnica e à competitividade do país. O mercado de trabalho mundial está em transformação, e nós temos que vencer o déficit de produtividade. Novos empregos significam também mais autonomia às famílias;
3 - Atrair investimentos:
não haverá crescimento sem investimento. Temos de recuperar a credibilidade
internacional para voltar a receber recursos externos. Um dos caminhos mais
rápidos para acelerar a atração de investimentos é promover desestatização,
PPPs, concessões e privatizações. Seremos o país da infraestrutura, com
investimentos privados em aeroportos, portos, ferrovias, rodovias e comunicação
5G;
4 - Responsabilidade
fiscal: o Estado precisa caber no Orçamento. Para isso, é preciso reduzir
desperdícios, aprovar a reforma administrativa e definir prioridades do
investimento público. Estabilidade econômica, combate à inflação e
responsabilidade fiscal são marcas das gestões do PSDB e princípios pétreos do
Plano Real;
5 - Competitividade:
o Brasil precisa estar pronto para as novas batalhas do comércio internacional.
Temos de recuperar nossa indústria. Para isso, precisamos aprovar a reforma
tributária e promover uma transformação pela educação, especialmente a ampliação
do ensino de tempo integral e das escolas técnicas. É pela competitividade que
vamos transformar investimentos em receitas consistentes;
6 - Agenda
ambiental: esse ponto vai além do que é urgente, como combater o
desmatamento, as queimadas e o garimpo ilegais na Amazônia. Nos próximos anos,
a agenda ambiental será a mola propulsora dos países. Precisamos despontar na
produção da ciência e da pesquisa. O Brasil tem de liderar a transição para a
economia de baixo carbono, com matriz energética sustentável, indústria 4.0,
comunicação 5G e um agro aliado
ao meio ambiente. Pagamento por serviços ambientais, remuneração pelo sequestro
de carbono e cumprimento dos acordos internacionais. Tudo isso faz parte da
nossa agenda ambiental;
7 - Resgatar a autoestima: o Brasil tem de
recuperar o prestígio
internacional. Portanto, precisa de um governo que apresente ao mundo as
oportunidades, que saiba dialogar e estabelecer novas formas de cooperação,
como fizemos ao testar e produzir vacinas. Um Brasil de paz social e de
diálogo, com respeito às instituições, ao equilíbrio dos Poderes e, acima de
tudo, com transparência e democracia.
O Brasil precisa sair do círculo vicioso da recessão. O governo Dilma
Rousseff (PT) não soube consertar os equívocos da gestão Lula (PT). E
o atual governo piorou os problemas herdados. Vendeu sonho e entregou um
pesadelo.
Por isso, o debate de 2022 não deve ser
entre Jair
Bolsonaro e Lula. Ele deve ser entre passado e futuro. Entre recessão
e desenvolvimento. Entre desilusão e esperança. É para isso que o PSDB começará
a construir, com todos os aliados possíveis, o Projeto Brasil, para garantir um
futuro de desenvolvimento e esperança para o país.
*Governador de São Paulo (PSDB),
ex-prefeito de São Paulo (jan.2017 a abr.2018) e empresário; pré-candidato do
partido à Presidência da República
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