O Globo
Bolsonaro viajará para pousar em campo
minado
Fosse qual fosse o plano de Bolsonaro para
o 7 de Setembro, a pesquisa do Ipec revelou que deu errado. Seja qual for o
plano anexo às viagens a Londres e Nova York,
tem tudo para dar mais errado. Em Londres, será recebido cordialmente, mas,
para quase todos os chefes de Estado presentes ao funeral de Elizabeth II, ele
será uma companhia radioativa. Ninguém ganha se aproximando dele.
Isso em Londres. Em Nova York, na
Assembleia Geral da ONU,
a coisa piora. Os militantes de organizações ambientalistas crescem ao
hostilizá-lo. Como deverá discursar, o que já seria ruim piora. Se ele repetir
a retórica anterior, soprará as brasas de um eleitorado hostil à sua política
ou ao seu triunfalismo irracional. Se abrandar a fala, ficará mal com os
agrotrogloditas.
Como disse Fernando Gabeira, diante dos
números do Ipec “o jacaré bocejou”. No entorno de Bolsonaro sonhava-se com uma
redução da distância entre ele e Lula. Aumentou.
O 7 de Setembro de Bolsonaro queimou óleo.
Não foi coisa dos marqueteiros, pois eles recomendavam moderação. O presidente
aceitou o conselho, mas o capitão saiu da pauta com uma tirada vulgar,
factualmente desmentida pelo próprio Bolsonaro numa entrevista à falecida
revista Playboy, em 2011.
Seus colaboradores explicam que ele às
vezes é capaz de aceitar argumentos racionais, mas seu fusível queima em
momentos de empolgação. Assim foi no 7 de Setembro com a vulgaridade. Mesmo que
ela não tivesse acontecido, horas antes, no Alvorada, ele disse que 1964 “pode
se repetir”. Sabendo que os presidentes são julgados pelo que fazem em pé, essa
fala foi mais tóxica.
Bolsonaro foi o único militar da reserva com patente de capitão que se elegeu presidente da República. Antes dele, dois oficiais-generais perderam três eleições. O brigadeiro Eduardo Gomes, duas vezes, e o marechal Juarez Távora uma. Nenhum dos dois contestou os resultados. Mais: nenhum dos dois fez isso antecipadamente.
Como tal, 1964 não se repetirá em 2022.
Admita-se um cenário apocalíptico. Bolsonaro perde a eleição, não aceita o
resultado, e segue-se uma quartelada. E aí?
Bolsonaro não é um Castello Branco, nem
mesmo um Costa e Silva ou Emílio Médici.
Castello colocou Roberto Campos e Octávio
Gouvêa de Bulhões no comando da economia. Costa e Silva pôs Antonio Delfim
Netto, e Médici manteve-o. Bolsonaro poria quem? Paulo Guedes?
Em 1964, com Castello Branco subiu ao poder
parte de uma elite conservadora conectada internacionalmente e respeitada no
país. Seu ministério entrou em campo chutando para o gol. Castello exonerou o
irmão que aceitou um automóvel de presente. Costa e Silva fritou-se quando seu
sogro conseguiu uma aposentadoria esquisita. Os militares que fizeram 1964
tinham um projeto autoritário, porém modernizador.
No Brasil do século XXI, com um presidente
acicatado pelas “rachadinhas”, o caminho de 1964 não existe. Existe outro.
Imagine-se um coronel audacioso disposto a
romper com a elite que não o apoia, a encher a administração civil com
militares amigos, sobretudo na estatal petrolífera, e com planos econômicos
desconexos temperados por lances demagógicos. Ele existiu, chamava-se Hugo
Chávez.
3 comentários:
O "imbrochável" mente até sobre seu desempenho sexual... O próprio Bolsonaro falou outra coisa na entrevista à revista Playboy, em 2011. E suas ex-mulheres revelariam muito mais se fossem questionadas!
50% do fracasso de Bolsonaro deve-se a ganância de Paulo Guedes que fez fortuna jogando com o dólar, desde o governo do FHC. Acabou com as viagens turísticas tal qual o brasileiro estava acostumado. Destruiu os sonhos de empregadas domésticas irem a Disney, de tomar yogurt e pela primeira vez na vida, talvez a última, conhecer um avião por dentro. Tal mesquinhez jamais vista em ministro algum diz muito desses dois, alma gêmeas de Hitler e ainda por cima impotentes ou semi impotentes. Guedes ainda é o protótipo do mal amado. Quebrou as leis brasileiras e não respeitou os brasileiros, deu um mau exemplo e achou que poderia levar para a cova com ele, o dinheiro que acumulou destruindo os sonhos alheios. Tal qual Pinochet, de tristíssima lembrança, llpassará para a
Memória como um fidedigno de um vencido.
Parece que tudo conspira contra Bolsonaro,é a lei do retorno.
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