quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Vera Magalhães - Bolsonaro e Lula atacam rejeição na reta final

O Globo

Foi a partir da pandemia que uma parte do eleitorado bolsonarista de 2018 se foi para nunca mais voltar

Sempre se disse que a atual eleição seria uma batalha de rejeições. Na reta final, três semanas até o primeiro turno, tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Jair Bolsonaro investem em mitigar esse fator na expectativa de cumprir seus objetivos — o do petista, tentar vencer já em 2 de outubro; o do presidente, romper uma barreira que, hoje, torna sua reeleição inviável.

Lula vem enfrentando o antipetismo há mais tempo, de forma mais consistente. Contaram pontos para isso as anulações em série das condenações a ele impostas no âmbito da Lava-Jato e a obra de três anos e oito meses de governo Bolsonaro, como fator de comparação em diferentes setores.

Deixou de negar a ocorrência da corrupção, principal fator negativo associado a ele e ao PT, e passou a dizer que a apuração só foi possível graças à autonomia de que seus governos e os de Dilma Rousseff dotaram os órgãos de controle.

Bolsonaro resolveu se dedicar a tentar reverter a aversão que gera em pelo menos 50% do eleitorado na última hora, e o resultado é menos crível. O teatro começou a ser encenado num podcast transmitido em pool por influenciadores evangélicos na segunda-feira.

Com ar compungido, o presidente se disse arrependido de ao menos uma das dezenas de declarações de desdém com a pandemia que deu ao longo dos últimos dois anos e meio: a de que não era “coveiro”, proferida quando havia 2.500 mortos.

Agora que os cadáveres são mais de 685 mil e que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se tivesse havido vacina mais cedo e um protocolo sanitário claro do governo federal, em harmonia com governadores e prefeitos, resolveu dizer que deu uma “aloprada”.

O cálculo fica evidente quando ele, ato contínuo, reafirma a defesa do tratamento precoce e de medicamentos sabidamente ineficazes contra a Covid-19, como a cloroquina.

Da mesma maneira, a tentativa, ao longo das quase cinco horas de entrevista, de soar arrependido de frases misóginas como a dedicada à própria filha, a quem chamou de “fraquejada”, vem acompanhada de novas manifestações da mesma natureza, como dizer que é “comum” entre homens que estão à espera de bebês discutir se serão “fornecedores” ou “consumidores”.

A rejeição maciça a Bolsonaro tem sua gestão da pandemia como marco. Foi a partir dali que uma parte do eleitorado de 2018 se foi para nunca mais voltar. É por isso que perguntas sobre vacina e suas atitudes o irritam quando em debates ou entrevistas, e não em ambientes controlados, como os podcasts amigos.

O presidente imaginava que, com a melhora da economia e as benesses artificialmente concedidas, aplacaria essa rejeição brutal, mas isso não ocorreu. Quem analisa pesquisas qualitativas entende algumas das razões.

Os eleitores de classes D e E não votavam em Bolsonaro e continuam não votando, mesmo com o Auxílio Brasil. Têm a memória viva de que Bolsonaro cortou o Auxílio Emergencial em janeiro de 2021, no auge da pandemia e antes da vacina. E, por isso, não acreditam que manterá os R$ 600 caso reeleito.

Nas classes A e B, que se beneficiam da melhora do ambiente econômico e da redução dos combustíveis, Bolsonaro já vai melhor.

E na classe C, que ele precisaria atingir, a inflação de alimentos ainda castiga o bolso de quem vota. As pessoas relatam ter trocado arroz e feijão por macarrão, numa tradução cristalina da piora da vida no que ela tem de mais básico, o direito à alimentação.

Para um quadro em que os fatores de voto são uma memória muito recente de um trauma nacional e pessoal para todos e uma situação econômica ainda não resolvida, não há discurso improvisado que dê jeito, ainda mais quando vem depois que todas as tentativas de se mostrar “imbrochável” paradoxalmente falharam na hora H.

 

8 comentários:

Anônimo disse...

Jair Bolsonaro também se vai pra nunca mais voltar!

Paulo dos Santos Andion disse...

Um bom momento para a discussão do trabalho escravo e a mudar a jornada para 6 horas que para muitos chega a 12 horas o que tem causado o alto índice de famílias sem escolaridade https://twitter.com/mestreandion/status/1570023886221348864?s=20&t=tRZX1qruqCEyT79m2U0cdw

Anônimo disse...

A tua raiva do Bolsonaro é pessoal e com isso você fica com a visão turva pra enxergar os fatos como eles são
Apoiar e enaltecer o Lula é a prova de que você passou de todos os limites da ética jornalística , como pode?
parece um teatro dos horrores jornalistas antes respeitados Hoje se associam em apoio desse bandido que corrompeu nossas instituições democráticas brasileiras, assaltou todas as estatais e seus fundos de pensão
O seu partido PT provocou a maior recessão de todos os tempos com consequências terríveis para economia e para a nossa sociedade como um todo
Revolta e vergonha é o que eu posso falar , meu repúdio a esse teatro horroroso de cinismos, falta de ética e compromisso com a verdade

Anônimo disse...

O capitão das fraquejadas e rachadinhas sempre falhou na hora A, B, C, D, E, F e especialmente na hora H... Só suas mentiras não falham, sempre vêm acompanhadas de baixarias e grosserias, quando não agressões!

Anônimo disse...

Bolsonaro é o pior presidente da historia do Brasil. Isso é fato. Tosco e covarde, so ataca mulher. Mas esse pesadelo vai acabar logo, logo..

Anônimo disse...

Bolsonaristas falando em "compromisso com a verdade"... Seu "minto" fala dezenas de mentiras por dia e os otários acreditam. E repetem as mentiras do genocida como se fossem verdade ("Não há fome no Brasil", "Nunca ataquei ministros do STF", "Não há corrupção no meu governo"). O pior cego é o papagaio que não quer ver!

Anônimo disse...

A jornalista não pode ser atacada por ver o que todo mundo enxerga, por trás desse governo uma rede de sadismo e malvadezas funcionam a todo vapor, com outros sadicos no comando.

ADEMAR AMANCIO disse...

Vera Magalhães sempre foi isenta e imparcial,fala e escreve aquilo que é.