O Estado de S. Paulo
Pablo Marçal estava certo. Não haverá segundo
turno em São Paulo. Não para ele. Tampouco terceiro turno. É imperativo
republicano que a Justiça Eleitoral lhe imponha a inelegibilidade pelos crimes
que cometeu.
A lei que protege os direitos de votar e ser
votado a ser a mesma que punirá aquele que a instrumentalizou para difundir
delinquências.
Não dá – a conta da honestidade intelectual não fecha – para protestar contra as canetadas autoritárias de Alexandre de Moraes e considerar parte do jogo que a disrupção de Marçal abarque denúncia fraudulenta contra adversário.
O candidato-punição, o que vinha para se
vingar do sistema, afinal cassado pelo funcionamento do estado democrático de
direito. É o que se espera. O candidato-punição, o que prometera derreter
Guilherme Boulos e encarcerar Ricardo Nunes, derrotado – nas urnas – por Nunes
e Boulos.
Ao prefeito, candidato à reeleição, renovadas
as chances de se afirmar e concorrer como incumbente, com autoridade. O acesso
ao segundo turno – e na liderança – a lhe ofertar a oportunidade de afastar a
síndrome de impostor e desenvolver alguma confiança na legitimidade de sua
condição de alcaide.
Confiança que sempre teve do governador
Tarcísio de Freitas – o vitorioso na disputa paulistana, que, por voos maiores,
organiza o futuro em função do apoio de Gilberto Kassab, o grande vencedor
nacional. Nunes indo ao segundo turno sem qualquer dívida para com Jair
Bolsonaro.
(Em Belo Horizonte, o bolsonarista Bruno
Engler avançou empurrado por Nikolas Ferreira – a ser a verdadeira preocupação
de Bolsonaro.)
Favorito, Nunes está mais para compor a
expressão do grupamento político campeão em 2024: o consórcio do chamado
Centrão, ora inclinado à direita porque assim apontam os ventos. A porção
vencedora do PL sendo mais tributária dos empenhos de Valdemar Costa Neto que
da influência de Bolsonaro.
(Que a exposição de fraqueza do ex-presidente
não faça pressupor a glória de Lula. A esquerda, PT na cabeça, é derrotada
maior, conforme ilustra o passeio de Eduardo Paes no Rio de Janeiro, reeleito
numa frente ampla que expôs amplamente todos os sem-votos da cidade – só Paes
na frente.)
A porção mais vencedora do PL é aquela,
objetiva, que transita com Kassab, Baleia Rossi, Marcos Pereira e Ciro Nogueira
– os responsáveis pela sustentação de Nunes mesmo quando Marçal parecia
arrastão irresistível.
Esses são os ganhadores. Não à toa senhores
dos partidos mais beneficiados pela operação acelerada-concentrada do orçamento
secreto no primeiro semestre, gestão inconstitucional de bilhões que
constituíram fundo eleitoral paralelo. Grande vencedora também – eleitora maior
– a emenda de comissão.
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