terça-feira, 8 de outubro de 2024

Carlos Andreazza - Terceiro turno

O Estado de S. Paulo

Pablo Marçal estava certo. Não haverá segundo turno em São Paulo. Não para ele. Tampouco terceiro turno. É imperativo republicano que a Justiça Eleitoral lhe imponha a inelegibilidade pelos crimes que cometeu.

A lei que protege os direitos de votar e ser votado a ser a mesma que punirá aquele que a instrumentalizou para difundir delinquências.

Não dá – a conta da honestidade intelectual não fecha – para protestar contra as canetadas autoritárias de Alexandre de Moraes e considerar parte do jogo que a disrupção de Marçal abarque denúncia fraudulenta contra adversário.

O candidato-punição, o que vinha para se vingar do sistema, afinal cassado pelo funcionamento do estado democrático de direito. É o que se espera. O candidato-punição, o que prometera derreter Guilherme Boulos e encarcerar Ricardo Nunes, derrotado – nas urnas – por Nunes e Boulos.

Ao prefeito, candidato à reeleição, renovadas as chances de se afirmar e concorrer como incumbente, com autoridade. O acesso ao segundo turno – e na liderança – a lhe ofertar a oportunidade de afastar a síndrome de impostor e desenvolver alguma confiança na legitimidade de sua condição de alcaide.

Confiança que sempre teve do governador Tarcísio de Freitas – o vitorioso na disputa paulistana, que, por voos maiores, organiza o futuro em função do apoio de Gilberto Kassab, o grande vencedor nacional. Nunes indo ao segundo turno sem qualquer dívida para com Jair Bolsonaro.

(Em Belo Horizonte, o bolsonarista Bruno Engler avançou empurrado por Nikolas Ferreira – a ser a verdadeira preocupação de Bolsonaro.)

Favorito, Nunes está mais para compor a expressão do grupamento político campeão em 2024: o consórcio do chamado Centrão, ora inclinado à direita porque assim apontam os ventos. A porção vencedora do PL sendo mais tributária dos empenhos de Valdemar Costa Neto que da influência de Bolsonaro.

(Que a exposição de fraqueza do ex-presidente não faça pressupor a glória de Lula. A esquerda, PT na cabeça, é derrotada maior, conforme ilustra o passeio de Eduardo Paes no Rio de Janeiro, reeleito numa frente ampla que expôs amplamente todos os sem-votos da cidade – só Paes na frente.)

A porção mais vencedora do PL é aquela, objetiva, que transita com Kassab, Baleia Rossi, Marcos Pereira e Ciro Nogueira – os responsáveis pela sustentação de Nunes mesmo quando Marçal parecia arrastão irresistível.

Esses são os ganhadores. Não à toa senhores dos partidos mais beneficiados pela operação acelerada-concentrada do orçamento secreto no primeiro semestre, gestão inconstitucional de bilhões que constituíram fundo eleitoral paralelo. Grande vencedora também – eleitora maior – a emenda de comissão.

 

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