O Estado de S. Paulo
‘Novo PSDB’ e ‘novo tucano’ entram em campo com as eleições municipais
Gilberto Kassab foi decisivo para levar o PSD
ao primeiro lugar do pódio das eleições municipais até aqui, vencendo em 888
cidades no País, 201 delas só no Estado de São Paulo, órfão do PSDB. E o
governador Tarcísio de Freitas jogou um bolão na capital, burilando sua imagem
como político, e um político leal.
A estratégia de Kassab vai de vento em popa: ocupar o vácuo do centro, fazer o PSD encarnar o falecido PSDB e reconstruir a persona política de Tarcísio como tucano, pronto para a, ou uma, eleição presidencial. O timing depende da inelegibilidade de Bolsonaro e de como, e com que força, o presidente Lula chegará a 2026.
Com Lula bem avaliado e Bolsonaro podendo
concorrer, Tarcísio não entrará em campo. Não vai competir com um presidente
bem avaliado, com experiência e máquina na mão, muito menos confrontar quem
deslanchou sua carreira política e a quem deve o governo do principal Estado.
Duas dúvidas. Uma é até quando Kassab vai
conseguir se equilibrar com um pé na canoa de Tarcísio em São Paulo e outro na
de Lula em Brasília, com três ministérios??? A outra é até quando Tarcísio vai
poder compatibilizar a origem bolsonarista e a lealdade a Bolsonaro com sua
transição para tucano.
Enquanto isso, tocam o projeto. Eleição
municipal não define a presidencial, tanto que o PT e o PL não venceram em
nenhuma capital em 2020 e, dois anos depois, Lula e Bolsonaro disputavam o
segundo turno. Mas é a eleição para todas as 5.569 cidades, especialmente as
103 maiores e as 26 capitais, que traça os cenários para as campanhas aos
governos e Legislativos estaduais, a Câmara e o Senado.
Aliás, o desempenho do PSD em 2024 deve ter
um primeiro efeito já na votação para as presidências das duas Casas do
Congresso, em fevereiro, com Kassab no centro das discussões, para o bem,
porque força política atrai aliados e votos, e para o mal, porque também gera
inveja e competição.
O fato é que o primeiro turno mexeu no
tabuleiro político, enfraqueceu a polarização entre lulismo e bolsonarismo e
fortaleceu a centro-direita e a direita parlamentar – o “centrão”–, além de
introduzir outros partidos à esquerda e novos atores em diferentes campos. Os
partidos que venceram em mais prefeituras até aqui, pela ordem: PSD, MDB, PP,
União Brasil, PL (quinto) e Republicanos. O primeiro da esquerda, em sétimo
lugar, foi o PSB, não o PT.
Ainda falta o segundo turno, inclusive em 15
capitais, mas o PT perde força e encanto e o bolsonarismo não corre mais
sozinho na direita, rachada entre extremismo e pragmatismo. Ambiente ideal para
Kassab, PSD e Tarcísio.
3 comentários:
Dá não.
Sou muito mais o Gilbécio Kassab que o Neves
O partido de Kassab não é de direita nem de esquerda nem de centro,muito pelo contrário.
O PSDB ainda está desencarnando...
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