sábado, 2 de dezembro de 2017

Opinião do dia: Roberto Freire

Hoje, o que existe é um desânimo absoluto da população e a descrença generalizada em relação à classe política, fruto de todo o desmantelo e a corrupção que marcaram os 13 anos dos governos petistas de Lula e Dilma.

Esse sentimento gera, inclusive, uma perigosa repulsa à política e aos políticos indistintamente, o que é sempre temerário do ponto de vista democrático. Apesar de todos os problemas, a política é o instrumento pelo qual as sociedades podem mudar os seus destinos. Fora da política, não há outro caminho possível além da barbárie. Lamentavelmente, em meio a esse cenário de terra arrasada que fermenta um caldo de desilusão, os discursos populistas à esquerda e à direita, inclusive formulados por aqueles que pregam estultices como a intervenção militar no Brasil e o fechamento do Congresso, encontram terreno fértil para prosperar junto aos mais incautos.

É contra essa corrente autoritária e antidemocrática que devemos nos erguer. Temos um ano pela frente e, até lá, precisamos aprovar as reformas de que o Brasil precisa, concluir a transição que nos levará às próximas eleições e construir uma candidatura forte, competitiva e representativa de todas as forças democráticas, à esquerda e à direita, que convirjam para o centro. Que as lições de 1989 ecoem em 2018, evitando a repetição de erros do passado e mobilizando os brasileiros a recuperarem o mesmo entusiasmo daquele período.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, “As lições de 1989 para 2018” , Blog do Noblat, 5/10/2017.

Bolívar Lamounier: Pega, mata, esfola

- O Estado de S. Paulo.

“...naquela comunidade, o passado raramente era discutido. Não que fosse um tabu, mas ele havia de algum modo sumido em meio a uma névoa tão densa quanto a que cobria os pântanos. Simplesmente não ocorria àqueles aldeões pensar sobre o passado – nem mesmo o recente”
Kazuo Ishiguro, em O Gigante Enterrado

Participo diariamente da discussão política pelas redes sociais. No momento, estou com um período de 740 dias ininterruptos de postagens. Pratico essa atividade por considerá-la potencialmente útil à sociedade e porque aprendo muita coisa por meio dela.

Mas devo confessar que não é fácil. É preciso paciência para aguentar a infindável repetição de certos chavões e casca grossa para responder à altura a certas grosserias que vez por outra aparecem. A um ano da eleição presidencial, é fácil perceber o aumento do que se tem chamado de atitude “antipolítica”: uma hostilidade indiscriminada contra tudo e todos, contra as instituições – no limite, contra a própria democracia. O aumento no número de postagens e comentários agressivos é facilmente perceptível. Atitudes do tipo “pega, mata, esfola” parecem estar contaminando as redes a olhos vistos. E junto com elas, vários chavões, entre os quais eu destaco o de que “os partidos são todos iguais”. Minha proposta neste artigo é explorar esses dois pontos, referindo-me em especial ao caso do PSDB.

O “pega, mata, esfola” veio à tona com inusitada virulência em razão da fala de Aécio Neves na gravação de Joesley Batista. O fato é bem conhecido: em linguagem chula, Aécio pede a Joesley um empréstimo de R$ 2 milhões, supostamente para pagar advogados de defesa no âmbito da Operação Lava Jato. Foi afastado do Senado pelo ministro Fachin, mas o ministro Marco Aurélio devolveu a questão ao plenário do Senado, que lhe restituiu o mandato. A reação das redes contra Aécio foi imediata. Centenas de postagens passaram a exigir que o Senado lhe cassasse o mandato, que o PSDB o excluísse de seus quadros e – bingo! - que a Justiça o metesse no xadrez.

Hélio Schwartsman: Terrorismo de mercado

- Folha de S. Paulo

Mercado faz terrorismo para impedir que Lula volte à Presidência. É uma hipótese interessante. Convém examiná-la melhor.

Não há dúvida de que muitos empresários e banqueiros preferem outros candidatos. É direito deles. Mas, para falar em terrorismo, seria preciso imaginar que existe coordenação entre os vários agentes que atuam no mercado e que ela tem o propósito explícito de evitar que o petista vire presidente. É essa dupla condição que eu acho difícil de satisfazer.

Não que conspirações sejam impossíveis, mas me parece mais simples explicar o que ganha ares de chantagem do mercado como uma previsão plausível dos movimentos espontâneos que investidores farão caso sintam cheiro de problemas. E Occam recomenda que prefiramos sempre as hipóteses mais simples.

Merval Pereira: Contra a corrente

- O Globo

Assim como o presidente Michel Temer, seguindo o conselho do publicitário Nizan Guanaes, está aproveitando sua vasta impopularidade para tentar aprovar reformas como a da Previdência, também veremos na próxima campanha presidencial candidatos teoricamente sem chances de vitória, como o economista João Amoêdo, do Partido Novo, fazendo discursos contramajoritários, no sentido de enfrentar a opinião pública aparelhada.

Há uma vasta literatura na ciência política que mostra que candidatos não defendem reformas que representem um prejuízo, pelo menos aparente, aos potenciais eleitores, mesmo que saibam, como hoje, que uma reforma como a da Previdência é imprescindível para a reorganização do Estado brasileiro. O próprio presidente Temer, ou seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, são exemplos contrários a essa tese. Temer aposta no efeito benéfico das reformas na economia para tentar se reeleger, na esperança de que a percepção do eleitorado em relação a seu governo se altere pelos efeitos da melhoria econômica no cotidiano do cidadão comum.

Se não der para reverter a impopularidade e a má imagem pessoal — 86% o consideram corrupto, segundo a mais recente pesquisa do Ibope —, Meirelles se coloca como alternativa. O provável candidato do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, está até o momento, disposto a arrostar a tradição de que candidato que defende teses impopulares não se elege, se colocando a favor de um regime geral de Previdência, sem diferenças para os servidores públicos.

João Domingos: O fator Previdência

- O Estado de S. Paulo.

Começam a ser criadas as condições minimamente favoráveis à reforma

No universo de incertezas que tomou conta da política brasileira a menos de um ano da definição de qual grupo assumirá o poder no País, e quem o comandará, uma certeza paira sobre todos: a reforma da Previdência terá impacto direto na eleição presidencial.

Se a proposta for aprovada, seja ela enxuta, mais ou menos enxuta, ou até aguada, os defensores da reforma previdenciária sairão fortalecidos e terão uma bandeira para apresentar ao eleitor. Poderão dizer, por exemplo, que eliminaram privilégios do setor público em relação ao setor privado, que tiveram responsabilidade na preservação do sistema, evitando o colapso iminente, e que a economia conseguida com a reforma poderá ser usada para novos investimentos públicos.

Em caso de derrota da proposta, os defensores da reforma sairão da votação enfraquecidos, não só porque os contrários vão dizer que evitaram a retirada de direitos dos trabalhadores e aposentados, mas também porque, na última votação importante da atual legislatura, não tiveram competência para vencer. A consequência para a eleição será sentida durante toda a campanha.

Julianna Sofia: Privilégios

- Folha de S. Paulo

A decisão de uma juíza federal de suspender a campanha publicitária da nova Previdência que tem o mote do "combate a privilégios" bagunça ainda mais o coreto para a votação da proposta. Não que a mixórdia já não seja tamanha.

Pouca gente aposta em avanço na Câmara neste ano, principalmente após levantamento desta Folha mostrando que 220 deputados são contrários à mudança de regras. Depois do Carnaval de 2018, há menos chance ainda. Mas a propaganda, estimada em R$ 20 milhões, vinha encorajando o Palácio do Planalto a torrar mais R$ 70 milhões com publicidade, pois o marketing agressivo começava a reduzir a rejeição à reforma.

A juíza —e servidora— Rosimayre de Carvalho considera a peça manipuladora. Diz que ofende funcionários públicos. "Será uma das reformas mais profundas e dramáticas para a população brasileira." O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, procurou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para defender a corporação na reforma, alegando que "perder direitos neste momento seria péssimo para o policial que hoje enfrenta a corrupção".

Dora Kramer: Dois na gangorra

- Revista Veja

Lula e Bolsonaro, duas faces de uma moeda que tende a se depreciar

Por falta de opções não morrerá pagão o eleitorado em 2018, tal o volume de candidaturas à Presidência da República em oferta no mercado. Tem de tudo: deputado, senador, governador, advogado, ex-presidente, subcelebridades, falastrões, canastrões e tem até gente séria.

Quanto à quantidade, portanto, estaremos atendidos. Já a qualidade da mercadoria são os quinhentos sobre os quais o bom-senso nos aconselha a pesar muito bem pesados e a medir muito bem medidos todos os produtos, a fim de fazer uma boa escolha e não repetir bobagens do passado.

Pode até parecer pouco crível àqueles que atribuem por princípio a condição de nulidade a uma figura do mundo do entretenimento, mas Luciano Huck não tem dito tolices por aí. Não será candidato (no que faz bem, dadas as dimensões da máquina de moer carne de uma campanha), mas pretende participar e para isso se preparou buscando aprender e se informar sobre as principais questões em aberto no país.

PIB indica retomada consistente

Investimentos avançam após quase quatro anos de queda

Analistas elevam projeções de crescimento em 2017 e 2018

O IBGE informou que a economia brasileira cresceu 0,1% no último trimestre, mas o resultado foi melhor do que parece. Retirando a queda da agropecuária, que se deu por questões sazonais, o PIB avançou 1,2%, confirmando uma recuperação consistente do crescimento. Após 15 trimestres de queda, os investimentos subiram 1,6% de julho a setembro. E o consumo das famílias teve a terceira expansão seguida. Após a divulgação do resultado, analistas revisaram suas projeções e já estimam alta do PIB acima de 1% neste ano e de até 3,2% em 2018. Mas alertam que essa melhora vai depender do cenário político e da aprovação da reforma da Previdência.

PIB indica recuperação consistente

Mesmo sem agropecuária, que puxou 1º semestre, crescimento segue tendência de aceleração

Marcello Corrêa, Daiane Costa, Rennan Setti e Bárbara Nascimento / O Globo

-RIO E BRASÍLIA- O crescimento de apenas 0,1% parece indicar o contrário, mas a economia brasileira ganhou fôlego no terceiro trimestre, e o país consolidou o processo de retomada. O número resume o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) frente os três meses anteriores, porém mascara dados positivos: o investimento voltou a crescer após 15 trimestres, o consumo se manteve em alta, impulsionando o comércio, e a indústria está no azul. Para analistas, o cenário é positivo, embora a economia só deva se recuperar completamente da recessão em 2019.

Nas contas da economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), uma forma de expressar melhor o pulso da economia é calcular a variação do PIB sem incluir a agropecuária na conta. O setor, que responde por 5,7% da atividade econômica, foi o motor do primeiro trimestre, com alta de 12,9%, e ajudou a frear o resultado do terceiro trimestre, com retração de 3%.

O resultado do cálculo mostra que, sem esse efeito que acaba distorcendo os resultados, o PIB vai bem. Cresceu 0,4% no primeiro trimestre, 0,5% no segundo e, agora, 1,2% no terceiro trimestre — em uma tendência clara de aceleração.

— O PIB está ótimo. O dado agregado engana bastante. Da mesma forma que tivemos um falso positivo (no primeiro trimestre), temos um “falso 0,1%” no terceiro trimestre. É um número bem positivo, tanto que indústria e serviços cresceram fortemente no trimestre. Pelo lado da demanda, foi muito espalhado. E, finalmente, vimos investimento crescendo depois de anos de contração — destaca Silvia Matos.

PIB cresce 0,1% no 3º trimestre, mas tendência anima mercado

Alta foi a terceira consecutiva e projeções apontam para crescimento do PIB superior a 1% no ano

Daniela Amorim, Denise Luna, Vinicius Neder, Célia Froufe, Francisco Carlos de Assis, Karla Spotorno, Maria Regina Silva e Eduardo Rodrigues / O Estado de S. Paulo

RIO E SÃO PAULO - A economia brasileira registrou no terceiro trimestre sua terceira alta seguida. Entre julho e setembro, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1%. Apesar de modesto, o número foi bem recebido pelo mercado, que revisou projeções para cima e agora fala em crescimento até superior a 1% no ano. O IBGE reviu os números do primeiro e do segundo trimestres e concluiu que a economia cresceu mais do que o anunciado anteriormente. Entre janeiro e março, a alta do PIB passou de 1% para 1,3%. Entre abril e junho, foi de 0,2% para 0,7%. Além disso, alguns indicadores sinalizam que a retomada do crescimento começa a ganhar consistência. Os investimentos registraram a primeira alta (1,6%) ante o trimestre anterior, após 15 períodos de queda. O com
sumo das famílias repetiu o ritmo de crescimento (1,2%) do segundo trimestre.

A economia brasileira registrou no terceiro trimestre sua terceira alta seguida. Entre julho e setembro, o produto interno bruto (PIB) cresceu 0,1%. Apesar de modesto, o número foi bem recebido pelo mercado. Um dos motivos do otimismo é que o IBGE revisou os números do primeiro e do segundo trimestres e concluiu que a economia cresceu mais que o anunciado anteriormente. Dessa forma, entre janeiro e março, o PIB passou de 1% para 1,3% de alta. Entre abril e junho, foi de 0,2% para 0,7%.

Investimento sobe, e PIB se mantém positivo no ano

Com revisão de números do IBGE, recessão de 2014 a 2016 deixa de ser a mais aguda do país

Novos dados indicam que recente recessão não foi a pior da história

Gustavo Patu / Folha de S. Paulo

A diferença está na casa depois da vírgula, mas importa para o registro histórico: com a revisão de números feita pelo IBGE, a recessão de 2014-16 deixou de ser a mais aguda já medida no país.
Essa marca havia sido estabelecida pelo Codace, um comitê de economistas abrigado na Fundação Getulio Vargas que se dedica a determinar a duração e a intensidade dos ciclos econômicos.
Em outubro, o grupo calculou que a crise mais recente havia durado 11 trimestres –igualando o recorde de 1989-92– e provocado uma queda do Produto Interno Bruto de 8,6%, um pouco maior que os 8,5% de 1981-83.

O percentual foi apurado com base na série histórica de evolução do PIB divulgada um mês antes. Esses dados, porém, passam por reavaliações e ajustes periódicos, como aconteceu agora.

MENOS TRÁGICO
Com as novas contas do IBGE, o desempenho do Brasil no ano passado passou a parecer ligeiramente menos trágico –uma queda do PIB de 3,5%, em vez dos 3,6% medidos anteriormente.
No início de novembro, também já havia mudado a medida da retração de 2015, de 3,8% para 3,5%.
Dessa maneira, as novas estatísticas oficiais apontam que, do segundo trimestre de 2014 ao último de 2016, a produção e a renda do país encolheram 8,2%.

Mesmo antes dessa revisão, o epíteto de "maior recessão da história" já se mostrava questionável.
Em primeiro lugar, porque só há valores do PIB detalhados por trimestre a partir dos anos 1980. Mesmo cifras anuais só começaram a ser calculadas na década de 1940.

Míriam Leitão: Retomada lenta

- O Globo

O resultado do PIB foi menor do que o projetado. Esperava-se 0,3% de alta e foi 0,1%, o que não é nada. No entanto, os outros números juntos contam que o país está mesmo deixando a recessão para trás. O investimento cresceu depois de quinze longos trimestres de queda, quase quatro anos. O consumo em alta reflete o que a pesquisa do emprego mostrou esta semana: a massa de rendimentos cresceu.

Houve ontem à tarde uma onda de revisão para melhor da previsão do PIB deste ano, entre consultorias e bancos. Parece estranho já que o número do trimestre veio menor do que o esperado. É que o IBGE divulgou índices mais altos para os outros dois trimestres anteriores. É por isso que a taxa ficou quase estável. É efeito estatístico após a revisão para melhor dos períodos passados. Pelas novas contas, o país cresceu entre janeiro e março 1,3%, com a expansão ainda maior da agricultura naquele período. A taxa de abril a junho subiu para 0,7%. É por isso que os dados do terceiro trimestre, comparados a esses melhores, ficaram menores do que o previsto.

No terceiro trimestre, a agropecuária encolheu 3% e derrubou a média. Sem esse segmento, o PIB teria avançado 0,6%. Por isso, os especialistas preferem comparar com um horizonte mais longo. Frente ao mesmo período de 2016, a economia cresceu 1,4% no terceiro trimestre, após a alta de 0,4% na pesquisa anterior. É para esse recorte que os economistas têm olhado nas suas revisões.

Adriana Fernandes: Desembarque da reforma

- O Estado de S.Paulo

Dilema do governo continua sendo mesmo a falta de cacife para pagar a fatura

O Palácio do Planalto e seus aliados começaram a preparar o movimento de desembarque da reforma da Previdência. Cada um a seu modo.

Se no jantar de amanhã com o presidente Michel Temer e lideranças ficar de fato constatado que o governo não tem condições de colocar a PEC da reforma em votação nas próximas semanas, as saídas e desculpas já estão sendo construídas.

O Planalto jogará no colo do Congresso e, sobretudo, dos tucanos o ônus pela falta de votos e a responsabilidade dos riscos econômicos para o País da sua não aprovação. Não só em 2018, mas principalmente para o próximo presidente eleito. Temer vai lavar as mãos e dizer que fez de tudo para aprová-la. A culpa será do Congresso, dirá ele.

Já as lideranças dos partidos aliados ensaiam o discurso de que, mesmo sem a reforma da Previdência, o Congresso tem como avançar na votação de uma agenda de projetos que podem melhorar o ambiente econômico até que a reforma volte a ser discutida em 2019. É a pauta “o que temos para hoje”.

Manuel Bandeira: Trem de Ferro

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)

Antônio Nóbrega: 100 Anos de frevo (2007)