Aécio deve comandar
o PSDB em 2013
Ala mineira lança senador para a presidência da sigla; ele só não assume se
optar por indicar aliado de estreita confiança
Ideia é antecipar a exposição nacional do principal nome tucano para a
eleição presidencial de 2014
Aécio Neves, durante audiência no Senado; ele deve ser o novo presidente do
PSDB, de olho na eleição ao Planalto em 2014
Natuza Nery, Daniela Lima
BRASÍLIA, SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve assumir o comando
nacional do PSDB a partir do ano que vem. Seu nome foi lançado formalmente ao
posto por dirigentes da ala mineira do partido e, mesmo aliados de José Serra,
seu adversário interno, admitem que, se Aécio quiser, será presidente do PSDB.
O senador é a principal aposta dos tucanos para disputar a Presidência da
República em 2014. A ideia é usar o espaço institucional que ele teria como
presidente da sigla para antecipar sua apresentação, especialmente nas regiões
Norte e Nordeste.
Como comandante do PSDB, Aécio poderá usar 40 propagandas semestrais na TV a
que o partido tem direito para divulgar suas plataformas.
Procurado, Aécio não negou a articulação. Disse, via assessoria, que não
está "pleiteando" a presidência do PSDB, mas que não "tomará
nenhuma decisão sem antes consultar FHC, Sérgio Guerra, o governador Geraldo
Alckmin [SP] e José Serra".
O tucano só não ficará com o cargo se optar por emplacar um aliado de sua
estrita confiança, que seguisse suas orientações. Segundo alguns tucanos, com
essa composição Aécio teria mais flexibilidade para tocar as negociações por
alianças em 2014
A articulação para emplacar o senador mineiro no comando da sigla tem o
apoio do atual presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra, e foi oficializada
pelo presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado Marcus Pestana.
"Se depender de mim, Aécio será meu sucessor", disse Guerra à
Folha ontem.
Em artigo publicado anteontem no jornal mineiro "O Tempo", Pestana
defendeu que o partido realize um congresso nacional no primeiro semestre do
ano que vem para redefinir seu programa -parte da agenda de
"renovação" pregada pela sigla.
"Poderíamos culminar na convenção nacional com a eleição de Aécio Neves
para a presidência nacional do partido, apontando claramente, sem nenhuma
ambiguidade, que o PSDB travará o bom combate em 2014", diz o deputado, no
fim do texto.
Em outubro, Pestana sugeriu em texto entregue a Sérgio e ao ex-presidente
FHC, diretrizes para a realização do congresso tucano, mas não mencionou a
condução de Aécio à chefia da sigla.
Ala paulista
Nesse texto, Pestana sugere que o partido promova encontros estaduais e
municipais para redefinir sua bandeira. A propostas é muito semelhante às
apresentadas, este mês, por duas alas do PSDB paulista. Todos os documentos
defendem a "renovação" do partido e atualização de suas propostas
após os debates com as bases.
Em São Paulo, a pauta da renovação no PSDB ganhou força após a derrota de
Serra na disputa à prefeitura este ano. Aécio pregava a "refundação"
da sigla desde a derrota do rival para a presidente Dilma Rousseff, em 2010.
Se em 2010 Serra saiu enfraquecido da eleição, o naufrágio deste ano lhe
tirou ainda mais fôlego. Nos bastidores, serristas defendem, que o melhor seria
buscar uma composição com Aécio. Mas não sabem se Serra faria isso.
"É cedo para falar em sucessão, mas não há nada a se estranhar. Aécio é
um nome de exposição nacional, que poderia vir a ser [presidente da
sigla]", disse o ex-governador Alberto Goldman, do grupo de Serra.
Fonte: Folha de S. Paulo
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