O ministro Gilberto Carvalho disse que a onda de violência em SP mata mais
do que o conflito na Palestina. Para Alckmin, a comparação é
"infeliz".
Violência em SP
mata mais do que conflito na Palestina, diz ministro
Gilberto Carvalho também defendeu que problema não seja alvo de "uso
político ou partidário"; para Alckmin, comparação é infeliz
Rafael Moraes Moura
Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro
da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta
terça-feira que a onda de violência na Grande São Paulo mata mais gente que o
conflito na Palestina. "Ontem (segunda-feira) a gente estava alarmado com
os mortos na Palestina e as estatísticas mostram que só na Grande São Paulo
você tem mais gente perdida, assassinada, do que num ataque nesses. A gente tem
de ter consciência disso", disse o ministro a jornalistas, após participar
de cerimônia de instalação da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica, no Palácio do Planalto.
Carvalho também defendeu que o problema de segurança em São Paulo não seja
alvo de "utilização política ou partidária", por se tratar de uma
questão "muito grave". "A gente nunca deve vender ilusões, sabe
que os problemas se desenvolvem durante longo tempo, criam tal raiz que depois
o combate a esse problema e a essas raízes nunca se dá de maneira imediata,
abrupta, tão rápida quanto a gente sonharia." Para o governador Geraldo
Alckmin (PSDB), a comparação é "infeliz" e "não merece
comentário".
Parceria. Carvalho também falou do acordo com o governo paulista. "O
passo que eu quero saudar é que finalmente houve por parte do governo de São
Paulo aceitação dessa parceria com o governo federal, todos temos a ganhar com
isso, particularmente a população de São Paulo. (A violência) Não é um problema
de fácil solução. Temos de ter a humildade de reconhecer a complexidade dessa
questão, quando o crime se estrutura, se organiza e se dá um tempo pra que ele
faça isso não teremos o resultado tão rápido quanto gostaríamos", afirmou.
"A somatória de esforços vai nos ajudar a resolver sem nenhuma
tentativa, não pode haver nesse momento tentativa, não pode haver tentativa de
usar uma utilização política ou partidária do tema, é muito grave,
suficientemente grave para que não brinque", disse.
Sobre a polêmica declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
que afirmou na semana passada preferir morrer a cumprir muitos anos na prisão,
Carvalho respondeu: "A declaração do ministro foi dada em um contexto
muito especial. Independentemente da declaração do ministro, acho que todo
mundo no Brasil infelizmente sabe das nossas condições carcerárias. E eu acho
que é dever nosso, de fato, batalhar, lutar e trabalhar para mudar essa
condição. Não é fácil a solução. Se fosse fácil, teria sido resolvido já".
Presídios. Carvalho considerou que o ministro Cardozo tem "razão e
honestidade em fazer esse reconhecimento" das péssimas condições
penitenciárias brasileiras, mas defendeu a atuação do governo federal, em
parceria com os Estados, na busca de uma solução. "Não dá pra ficar
insensível naturalmente à condição desse empilhamento humano. A prisão foi
feita para um processo de reeducação, não para degradar o ser humano. O
importante pra nós é focar a realidade, em alterar essa condição. Insisto que
não é simples. Toda a questão prisional, assim como a questão da organização do
crime, se torna cada vez mais alarmante", disse.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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