Após reunião de 4 horas com o ex-presidente Lula, ontem, em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff defendeu sua gestão e programas sociais petistas, em especial o Minha Casa, Minha Vida. Ela ainda enalteceu a política econômica, alvo de críticas da oposição. “O Brasil vai crescer, está crescendo”, afirmou. Dilma e Lula trataram da conjuntura econômica, num momento em que o petista tem demonstrado preocupação com a gestão da aliada.
Dilma segue script de Lula e enaltece marcas sociais dos governos petistas
Encontro. Presidente teve reunião ontem com o antecessor em um hotel de São Paulo e ambos discutiram estratégias políticas para 2014; em discurso, a petista afirmou que o "Brasil vai continuar crescendo" e abriu espaço para ministros que cobiçam governar o Estado
Bruno Boghossian, Julia Duailibi e Fernando Gallo
Horas depois de participar de uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na capital paulista, a presidente Dilma Rousseff fez ontem uma defesa enfática de sua gestão e dos programas sociais lançados pelo antecessor e mantidos por ela, além de enaltecer a política econômica do País, alvo de críticas da oposição e de setores produtivos.
A petista se encontrou com o ex-presidente por cerca de quatro horas no hotel Renaissance, na região dos Jardins, em São Paulo. A reunião ocorreu em uma suíte no 25° andar do hotel, por onde também passaram os ministros Guido Mantega (Fazenda) e José Eduardo Martins Cardozo (Justiça).
Dilma e Lula discutiram a agenda para 2013 e debateram a conjuntura econômica, num mo¬mento em que o petista tem demonstrado preocupação com a gestão da aliada na Presidência da República. Acha que falta mobilidade e mais comunicação com setores da sociedade, principalmente num ano pré-eleitoral.
Ontem, durante o lançamento de cinco programas do governo federal em São Paulo, a presidente seguiu orientações políticas do antecessor de destacar realizações sociais dos governos petistas e desafiar setores da oposição, que também criticam o imobilismo da atual gestão.
Seguindo o script de Lula, Dilma enalteceu em seu discurso de ontem as marcas dos governos petista nas áreas de saúde, educação e habitação - em especial o Minha Casa, Minha Vida.
"Hoje, o Brasil tem um dos maiores programas de moradia popular do mundo. Por que isso? Porque nós optamos", disse Dil¬ma. "Teve uma época que falar em moradia popular era muito mal visto, era considerado um ab¬surdo. Quero dizer o contrário: gente com responsabilidade tem que ver que sua população não pode morar em favelas."
Sucessão em SP. Também alertada por Lula, Dilma começa a abrir espaço para os ministros petistas que almejam disputar o governo de São Paulo, Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde). Disse ter "orgulho" do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), to¬cado por Padilha, e chamou de "fundamentais" as escolas técnicas e universidades federais, a cargo de Mercadante.
Nas últimas semanas, Lula manifestou a interlocutores a sua preocupação com a administração de sua sucessora. Para ele, o governo está isolado, e a gestão, centralizada. O ex-presidente recebeu reclamações de empresários e de políticos que não conseguem ter acesso à presidente. O petista avalia que o terceiro ano do mandato é determinante para fazer a gestão decolar, pavimentando, assim, o caminho para a reeleição da presidente.
Os dois já haviam tido uma primeira conversa em dezembro, durante uma viagem a Paris, quando o petista colocou para a Dilma o seu diagnóstico. No encontro, falou do isolamento do governo e da necessidade de a presidente conversar mais com representantes da sociedade, entre os quais o empresariado.
Dilma começou a acatar as orientações do petista e, já no começo deste mês, intensificou os contatos com executivos de empresas nacionais e multinacionais. Também pretende abrir espaço na agenda para políticos.
As críticas nos bastidores feitas por Lula e a própria movimentação política nos últimos dias, que se intensificou em relação ao ano passado, passaram a ser interpretadas como uma eventual volta dele ao cenário eleitoral como candidato em 2014.O ex-presidente negou a pretensão de concorrer.
O encontro entre os dois ontem em São Paulo, com foto divulgada pela equipe do Instituto Lula, teve com objetivo mostrar ainda que aliança entre os dois está sólida. A reunião serviu para mostrar a unidade da dupla.
Economia. Também no hotel Lula se encontrou com Mantega para se informar sobre a situação econômica do País - o PIB de 2012 deve crescer em torno de 1%. Para o petista, se a economia não deslanchar, a reeleição de Dilma será colocada em xeque.
No evento de ontem, Dilma garantiu que a economia crescerá "muito" e defendeu a redução de tarifas de energia, que confirmou em um pronunciamento no TV na última quarta-feira. "Abaixamos a conta de luz porque podíamos e isso vai ser uma coisa boa para o Brasil continuar crescendo. Mesmo que tenha gente que fique pessimista, vocês não acreditem, não. O Brasil vai crescer, está crescendo e vai cada vez mais garantir renda e emprego para a população", completou a presidente.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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