• Vice-presidente criticou entrevista na qual presidente da Câmara dizia que o partido finge fazer parte da base aliada
Gabriela Lara - O Estado de S. Paulo
PORTO ALEGRE - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou nesta segunda-feira, 30, que a participação de seu partido na formulação das políticas públicas aumentou com a presença dele e de outros integrantes da sigla no conselho político do governo Dilma Rousseff. "
De quatro semanas para cá, estamos tomando deliberações em conjunto, então nesse sentido o PMDB está no governo", afirmou a jornalistas após participar de um fórum sobre reforma política, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
A afirmação rebate a fala do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) que em entrevista ao jornal O Globo disse que o partido "finge que está no governo" e que o governo "também finge que o PMDB está lá". Temer minimizou a declaração.
"O Eduardo quis dizer com isso que, na verdade, é preciso talvez haver uma repactuação, o PMDB ter talvez uma presença mais efetiva nas políticas públicas, que está tendo agora", explicou, ressaltando que o ministro da Secretaria da Aviação Civil, Eliseu Padilha, e o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, integram o conselho político ao seu lado.
"De três a quatro semanas para cá estamos participando do conselho político, que é quem dá as diretrizes para a política governamental", disse, o vice-presidente, lembrando que hoje, 30, às 17 horas, o grupo volta a se reunir em Brasília. "O PMDB está no governo, o que há é que uma e outra vez colegas acham que o PMDB deveria estar mais no governo, especialmente nas políticas públicas." Temer também negou que haja uma insatisfação com a demora na indicação do ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves para o Ministério do Turismo. "Isso será definido esta semana, essas coisas são fruto de diálogo", falou.
Ele voltou a afirmar que o PMDB colocará ministérios à disposição para contribuir em uma eventual diminuição de pastas, na tentativa de enxugar a estrutura da máquina pública. "Primeiro é preciso que haja uma decisão presidencial de redução dos ministérios. Isso vai envolver um estudo técnico, administrativo. Quando houver o número de ministérios a serem reduzidos, PMDB estará disposto a colaborar", afirmou, sem precisar qual seria a quantidade ideal de ministérios. "Seria irresponsável se dissesse 20, 18, daí é cabalístico, o que é preciso é fazer uma verificação técnica de quanto é possível reduzir."
Perguntado por jornalistas, Temer minimizou a polêmica em torno do comentário do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, feito numa palestra para ex-alunos e professores da Universidade de Chicago. "Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno", disse Levy, em inglês
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"Acho que se exacerbou o conteúdo do que ele disse. O que ele disse foi que a presidente tem ótimas intenções, faz as propostas, mas tem o jeito dela de fazer as coisas. Não achei que foi nada ofensivo, não achei que fosse uma coisa ''detrimentosa'' para a presidente e muito menos para o governo. Acho que deram uma interpretação equivocada", argumentou.
Protesto. Na abertura do evento em Porto Alegre, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), foi alvo de um protesto promovido por militantes que defendem o movimento LGBT. Eles estavam presentes no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa do RS, onde ocorreria o evento, e entoaram por mais de 15 minutos gritos contra Cunha, chamando-o de machista, homofóbico e corrupto. O presidente da Assembleia gaúcha, Edson Brum (PDMB), optou por dar seguimento ao fórum no plenário da Casa, com público restrito.
"(O protesto) faz parte da democracia, evidentemente que é preciso não exagerar", disse Temer. "Nós não podemos ser intolerantes, porque a intolerância gera intolerância do outro lado. Então é perigoso isso, mas eu acho que não deve nos impressionar."
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