• Pedro Paulo, que agrediu ex- mulher, recebe solidariedade de peemedebistas
“(Pedro Paulo) é um agressor confesso, e a punição maior seria perder a candidatura” Simone Tebet (PMDB- MS) Presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher
Maria Lima, Simone Iglesias, Evandro Éboli Marco Grillo - O Globo
Pré- candidato a prefeito do Rio, Pedro Paulo divide aliadas: entre as que defendem o secretário está a presidente do PMDB Mulher. Relatora da Lei Maria da Penha na Câmara, em 2006, a líder do PCdoB, Jandira Feghali ( RJ), classificou como infelizes tanto as declarações do secretário de Governo do município, Pedro Paulo — de que sua agressão à ex- mulher não se enquadra na lei — como as do prefeito Eduardo Paes, de que o problema é particular do casal.
— Quando relatei a lei, disse que em briga de marido e mulher se mete a colher sim. Na verdade, deixou de ser uma questão do mundo privado e passou a ser um tema amplo da sociedade. As declarações do Pedro Paulo e do prefeito não foram felizes.
A decisão do prefeito de manter a candidatura de Pedro Paulo, à sua sucessão, mesmo depois da confessada dupla agressão à ex- mulher, Alexandra Marcondes, divide lideranças femininas aliadas. Pedro Paulo recebeu duras críticas de duas senadoras, principalmente de Simone Tebet ( MS), presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher, mas teve solidariedade da presidente do PMDB Mulher, Fátima Pelaes, e de outras correligionárias.
— Mais do que constrangimento, esse caso do secretário é um péssimo exemplo em um partido que sempre lutou pela democracia e justiça social, diante de uma realidade terrível. O caso dele não é de homicídio. Mas a violência doméstica leva ao homicídio na maioria dos casos. Não me interessa se o secretário vai ser enquadrado na Lei Maria da Penha. O que interessa é que é um agressor confesso e o mínimo que podia fazer era dizer: eu preciso ser punido. E a punição maior seria perder a candidatura — defendeu Simone Tebet.
Já a presidente nacional do PMDB Mulher, Fátima Pelaes, relativizou a situação vivida pelo correligionário carioca:
— O núcleo estadual, que conhece mais a situação, entende que ele pode ser reabilitado. Nada justifica a violência, é inaceitável a agressão em qualquer tempo, mas há uma segunda chance.
No Rio, as agressões de Pedro Paulo não comoveram a bancada feminina do PMDB. Presidente da seção estadual do PMDB mulher, Kátia Lôbo recusouse a conversar.
— Não tenho nada para falar sobre isso — afirmou, antes de desligar o telefone.
A presidente da Comissão Mista de Orçamento, senadora Rose de Freitas ( ES) se mostrou revoltada com a demora de Paes em sepultar o projeto Pedro Paulo:
— Me recuso a tratar isso como uma questão partidária. É uma questão de Direitos Humanos inaceitável. O Eduardo Paes não tem que esperar a sociedade reagir, é um contencioso que fica para sempre. O próprio Pedro Paulo deveria se considerar sem condições de ser candidato. Quebra o pau na mulher e não quer que a gente fale?
Procurada, a senadora Marta Suplicy ( SP), histórica defensora dos direitos femininos, solidarizouse às mulheres, por e- mail, sem mencionar Pedro Paulo:
— Fui e sou sempre solidária à luta e ao direito das mulheres, principalmente contra essa chaga que é a violência.
Para a deputada Laura Carneiro ( RJ) o assunto está superado:
— O trabalho dele como Executivo, 20 anos de atuação, não pode estar atrelado a uma questão pessoal. Na política, há coisas boas e coisas ruins, ou se está no barco, ou não. E eu estou.
Abordada em evento em Brasília, a titular da pasta que abarcou a antiga Secretaria de Políticas para Mulheres, Nilma Lino, recusou- se a tratar do assunto.
Para a vereadora Verônica Costa, Pedro Paulo é o “mais indicado” para suceder Paes:
— É difícil acreditar ( nas agressões). É melhor esperar a Justiça se posicionar. Não é o perfil do Pedro, não o vejo assim.
A vereadora Leila do Flamengo também evitou críticas.
— Por lealdade, preferia não me pronunciar. Me preocupo em não machucar quem me deu apoio — disse a vereadora.
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