• Dilma diz que não concorda ‘ sobre tudo’ com Lula. E garante que está numa fase ‘ Dilminha paz e amor’
Vivian Oslvald - O Globo
- ANTÁLIA, TURQUIA- Para colocar um fim nas especulações sobre o futuro da pasta da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o ministro Joaquim Levy "fica onde está". Nos últimos dias, os mercados estiveram agitados sob rumores de que o ministro poderia deixar o cargo e ser substituído pelo ex- presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
— Acho extremamente nocivas as especulações para o país, o que me obriga a vir sistematicamente a público para reforçar que Joaquim Levy fica onde está — afirmou a presidente, pouco antes de deixar a Cúpula do G- 20, a caminho do aeroporto de Antália, na Turquia, de onde seguiu para o Brasil.
Os boatos sobre a saída de Levy se devem em boa medida às críticas do ex- presidente Luiz Inácio Lula Silva ao ministro da Fazenda. De acordo com notícias veiculadas semana passada, Lula teria dito que o ministro tinha “prazo de validade" no cargo. Mas Dilma deixou claro que não concorda com a avaliação e salientou que o ministro é um grande servidor público que tem o compromisso com a estabilidade e o país.
— Não concordo. Não só gosto muito do presidente Lula, como é público e notório, como o respeito, mas não concordo, e não temos de concordar sobre tudo. Até porque somos adultos, mesmo considerando que, no geral, a gente concorda quanto ao país — afirmou Dilma, sobre as críticas de Lula.
Defesa da CPMF
Bem humorada, quando perguntada se tinha alguma coisa contra Meirelles, um possível candidato ao posto, a presidente não titubeou:
— Não tenho nada contra ninguém. Estou na fase Dilminha paz e amor. Eu sou a Dilminha paz e amor — brincou.
Depois de sair em defesa do seu ministro da Fazenda, Dilma voltou a insistir na importância da aprovação da CPMF, que considera fundamental para estabilizar a economia do país e criar as condições para acelerar o processo de saída da crise. Esta é uma das principais medidas da pauta que o xerife da pasta vem tentando aprovar nos últimos meses para promover o ajuste fiscal e buscar a retomada do crescimento do país.
— É fundamental que se aprove a CPMF. Acredito que muitos que, como eu, antes eram contra aumentar impostos, entendem hoje que esse aumento não é para se gastar mais. É para crescer mais — afirmou.
A presidente destacou que o governo acaba de fazer um esforço fiscal que vai exigir, além de todas as medidas de redução de despesas para fechar as contas públicas e fazer um superávit primário ( arrecadar mais do que gastar para pagar a dívida pública), a “consciência e a responsabilidade para aprovar a CPMF".
— É uma questão fundamental para o Brasil se ancorar, se estabilizar e ter condições de acelerar o processo de saída da crise.
Presidente diz ter maioria no Congresso
Na avaliação da presidente, o cenário político tem apresentado melhoras. Segundo ela, a avaliação do governo, neste momento, é de que tem maioria no Congresso.
— Em alguns casos, uma maioria bem confortável. Em outros, mais apertada. Mas temos maioria. Eu acredito que a situação política no Brasil está cada dia mais se normalizando — destacou.
Antes de defender a aprovação da CPMF, Dilma disse ainda que o governo tem sido acusado de ter feito uma excessiva desoneração fiscal e concedido excessivos subsídios aos juros, e que isso teria levado ao desequilíbrio orçamentário.
— Somos um governo que tem um retrospecto. Diminuímos impostos. Nos últimos anos, fomos o governo que mais diminuiu impostos. Não é questão de opinião, mas de números — argumentou a presidente.
Dima Rousseff
Presidente da República
“Não só gosto muito do presidente Lula, como é público e notório, como o respeito, mas não concordo, e não temos de concordar sobre tudo. ”
“Não tenho nada contra ninguém. Estou na fase Dilminha paz e amor. Eu sou a Dilminha paz e amor”
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