• Representante da indústria criticou legislação trabalhista e defendeu o direito de um empregado ter jornada mais extensa em certos casos
Rodrigo Cavalheiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, criticou a legislação trabalhista e defendeu o direito de um empregado ter uma jornada de até 12 horas por dia em certos casos, em linha com a proposta apresentada nesta quinta-feira, 8, pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.
“Continuamos defendendo as 44 horas semanais, mas uma empresa que vai fazer uma obra de infraestrutura em Rondônia ou no Pará leva milhares de trabalhadores, 10 mil ou 12 mil, que não vão para lá para trabalhar 8 horas por dia. O cara vai para lá para ganhar dinheiro e trazer para a família. Ele vai para lá para trabalhar 10 ou 12 horas por dia, e a Justiça não permite. Mesmo que o trabalhador queira, a Justiça fala que só pode fazer duas horas extras.”
A declaração foi dada em Buenos Aires, onde Andrade coordenava uma comitiva de 40 executivos de multinacionais interessados em retomar investimentos diante do processo de abertura na Argentina. O grupo reivindicou ao governo de Mauricio Macri alterações no que considera travas aos negócios no país: tributação dupla, de remessas de dividendos e dos empréstimos de matrizes para filiais, por exemplo.
Regime. Andrade explicou o contexto em que citou há dois meses uma jornada semanal de 80 horas na França, episódio em que foi criticado, especialmente nas redes sociais. Ele disse que na ocasião equivocou-se ao dizer 80 em vez de 60 horas e que tampouco defendia esse regime para o Brasil.
“Eu estava explicando que o mundo não tem mais dogma, não existe mais nada ‘imexível’. O governo francês falou que pode trabalhar lá até 60 horas semanais. Eu errei e na hora falei 80. Lá o pagamento de horas extras vai ser apenas de 10%, enquanto no Brasil é de 50% e, se for no domingo, é 100%. Foi isso que eu disse”, justificou-se Andrade, em tom elogioso à iniciativa francesa.
Ele salientou que citou o exemplo dos europeus para mostrar como até “um país socialista” muda a legislação. Andrade riu ao lembrar que até sua secretária o questionou, após a confusão, se teria de trabalhar 80 horas por semana.
Andrade ainda criticou em Buenos Aires a ação da Justiça nos Jogos do Rio. “Lá na Olimpíada tem 30 mil ações trabalhistas. Não dos trabalhadores, mas da Justiça, por trabalho temporário.”
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