- Folha de S. Paulo
Vestuário de candidato embanana a negociação das novas regras de aposentadoria
Candidatos virtuais ao Palácio do Planalto, Michel Temer, Henrique Meirelles e Rodrigo Maia estão tão ruins nas intenções de voto quanto a reforma da Previdência que tentam emplacar. O trio aparece na pesquisa Datafolha desta semana, cada um, com 1% do eleitorado —o ministro da Fazenda chega a 2% em um dos cenários.
Não há como negar que o vestuário de candidato assumido —precocemente e em maior ou menor grau— pelos três articuladores embananou a já difícil negociação das novas regras de aposentadoria. Passaram a traçar estratégias diversas para o encaminhamento da reforma, vis-à-vis os dividendos políticos individuais.
Segundo o Ibope, em levantamento encomendado pelo governo, 44% dos brasileiros são contra alterar o sistema previdenciário. Apenas 14% defendem mudança de regras. Rejeitam uma idade mínima para mulheres, 74% dos entrevistados. Para homens, 68%. Na contabilidade do Planalto, faltam entre 40 e 50 votos para aprovar a proposta na Câmara.
O ministro Meirelles, fiador da economia, defende nos bastidores que a Previdência seja votada em novembro, caso os deputados não apreciem o tema neste mês. A promessa mantém em estado hipnótico empresários e investidores.
O presidente da Câmara ora aliado, —ora adversário do temerismo— decretou que a data-limite para votação é dia 28 e que só pautará a reforma se houver segurança no placar da vitória. A partir de março, a agenda da Casa será outra, assegura o demista em ultimato ao governo.
Temer, que registra rejeição de 60%, vem modulando o discurso. Começou a semana dizendo ao apresentador Ratinho que espera aprovar a Previdência em fevereiro, março. Na quinta (1), declarou a "O Estado de S. Paulo" que o governo tem até três semanas para avaliar se há votos suficientes e decidir se vota de qualquer maneira ou não. Eu já fiz minha parte nas reformas e na Previdência. Soou como mau prenúncio.
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