- Blog do Noblat / Metrópole
Ofereçam juntos uma alternativa ao Brasil,
desde o primeiro turno
O quadro político já está suficientemente preocupante para que as lideranças democráticas parem de falar “nem-nem” e gritem “não”. Ofereçam juntos uma alternativa ao Brasil, desde o primeiro turno. O Brasil precisa de uma Nova Carta ao povo brasileiro, desta vez assinada por todos os líderes de partidos empenhados em eleger um presidente democrático e lúcido em 2022. A carta do candidato Lula, em 2002, mostrou sua disposição de, se eleito, respeitar o bom senso a serviço do Brasil. Foi esta mudança de postura que o elegeu, com o aval de um grande empresário como vice-presidente, e durante seus oito anos ele cumpriu o compromisso assumido. Mas, tanto quanto no governo Fernando Henrique, faltou vontade, competência ou condições para fazer uma nova carta assinada também por dirigentes de outros partidos democratas e progressistas, concertando alguns programas, propostas e reformas que o Brasil precisava e ainda precisa.
O livro “Por que falhamos: o Brasil de 1992
a 2018” sugere 24 erros cometidos pelos governos desde Itamar até Temer, que
levaram o eleitor a escolher o descaminho atual. O primeiro erro foi a opção
por dividir, no lugar de somar, as forças dos democratas progressistas.
Especialmente a divisão entre PT e PSDB, se digladiando para ver qual teria
mais votos em cada cidade, em vez de juntos fazerem a inflexão histórica que o
Brasil precisava e continua precisando. Apesar de divergências sobre o tamanho,
o papel, o uso e os limites do Estado, PT e PSDB têm basicamente a mesma
concepção de futuro para o Brasil. Mesmo assim, preferiram pagar pedágio a
políticos fisiológicos, no lugar de se unirem pelo Brasil.
Esta divisão está no fundo das causas da
tragédia histórica que enfrentamos. Seria uma irresponsabilidade deixar que a
divisão reeleja e amplie a tragédia.
As lideranças democráticas e progressistas,
que se dividiram e se opuseram entre elas no passado, precisam se unir desde o
primeiro turno para, em 2022, o eleitor eleger um governo de transição.
Precisam desde já escrever uma carta ao povo brasileiro assinada por todos os
candidatos, afirmando os riscos que o país corre e a disposição deles para
encontrarem o nome com mais condições para atrair os eleitores; assim como
explicitar os compromissos para um governo de coalizão.
Esta unidade na adversidade é comum quando
as disputas partidárias e os interesses pessoais ficam subordinadas ao
interesse nacional. Momentos em que a divisão significa suicídio. Cada líder
precisa colocar o interesse nacional na frente do seu partido e dos seus
interesses pessoais, explicitando isto em uma nova carta ao povo brasileiro.
*Cristovam Buarque foi ministro, senador e
governador
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