Blog do Noblat / Metropoles
Prisão de Jefferson levará o presidente e
sua gangue a apostarem mais e mais na ruptura institucional
Era o que faltava – mas a depender do
presidente Jair Bolsonaro e de sua gangue sempre falta algo para justificar
suas hostilidades à Justiça e ao Estado de Direito, e tudo será bem-vindo.
Ao presidente da Câmara, Arthur Lyra
(PP-AL), Bolsonaro disse que aceitaria o resultado da votação sobre o voto
impresso, fosse qual fosse. E que baixaria a bola dos seus ataques às
instituições.
Não foi o que se viu – e só Lira acreditou
que seria possível. Derrotado o voto impresso, Bolsonaro seguiu na mesma toada.
E agora, com a prisão de Roberto Jefferson, deverá ser pior.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, limitou-se a mandar prender Jefferson a pedido da Polícia Federal, listando mais de 10 crimes que ele poderá ter cometido.
No que Bolsonaro se aproveitará disso? Para
jogar nas costas do ministro a culpa pelo acirramento da guerra que ele move
contra o Supremo. Ora, foi ele que deflagrou a guerra e que a mantém.
Nem bem haviam se passado seis meses desde
a posse, e Bolsonaro, às portas do Quartel-General do Exército, em Brasília,
fez um comício repleto de ameaças à Justiça e à democracia.
Desde então não perdeu a oportunidade de
repeti-lo, com maior ou menor ênfase. Certa vez ouviu calado seu ministro da
Educação chamar ministros do Supremo de vagabundos e sugerir sua prisão.
Vez por outra, quando se sente acuado,
baixa o tom para levá-lo às alturas mais tarde. E, quando confrontado, invoca a
liberdade de expressão como se ela fosse ilimitada, pelo menos a seu favor.
Não fossem os tribunais superiores, a que
ponto já teria chegado? É o que se saberá porque ainda lhe restam 16 meses de
desgoverno.
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