Folha de S. Paulo
Em vídeo, diretor-presidente do Bradesco
enaltece o Exército
Veio a público um vídeo
em que o diretor-presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior,
enaltece o Exército brasileiro. Na gravação, o executivo afirma que se orgulha
do período no serviço militar, em que se apresentava como "soldado 939
Lazari". Diz ainda ter aprendido no Exército que "missão dada é missão
cumprida" e anuncia que "o soldado Lazari continua de
prontidão".
A assessoria do banco apressou-se em dizer
que a gravação foi feita há dois meses e em caráter pessoal. O ex-comandante de
Lazari pedira a ele um vídeo motivacional para os recrutas. O que ninguém
explicou até agora é o uso da logomarca do Bradesco do começo ao fim do vídeo,
dando à peça um caráter institucional.
O texto também faz referência ao banco, "um dos maiores do mundo", "com 90 mil funcionários". Se a marca e o nome do banco são usados significa que a instituição concorda com o vídeo? Seu principal executivo pode usar o nome do banco em peça elogiosa ao Exército?
Lazari não nasceu ontem. Tem longeva
carreira no Bradesco e é um dos dirigentes da Federação Brasileira de Bancos,
que dispensa apresentações. Em tal posição, suas palavras e o contexto em que
as pronuncia têm que ser medidos. Por acaso o executivo é um lunático, que
ignora os ataques golpistas de Bolsonaro e seus generais às eleições? Avaliou
que suas palavras não teriam impacto? Ou não se importou com isso? Imprudência
ou incompetência?
Lazari pode alegar qualquer coisa, menos
ingenuidade. Todas as hipóteses são péssimas. Por certo, muitos clientes do
banco gostariam de receber uma explicação que não ofenda a inteligência deles.
Não pode passar sem registro a coincidência
(?) com a aprovação de um projeto de Bolsonaro, na Câmara, que permite aos bancos
tomar o único
imóvel de uma família se este for dado como garantia de um empréstimo
e o cliente não conseguir pagar a dívida. O Senado ainda pode evitar essa
crueldade.
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