quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Bruno Boghossian - Sob a asa de Lula

Folha de S. Paulo

Opção por Haddad, Alckmin e Tebet concentra no presidente eleito poder sobre políticas da área

A um ano da eleição, Lula avisou a aliados que nomearia um político para comandar a economia caso vencesse a disputa. O petista seguiu o plano. Escolheu Fernando Haddad para a Fazenda e foi mais longe, com outros dois políticos na área. Além de Geraldo Alckmin no Desenvolvimento, a equipe ficará completa com Simone Tebet no Planejamento.

Nomear um político para a Fazenda foi o caminho definido por Lula para obter maleabilidade na gestão da economia. A ideia era ter uma equipe que não se amarrasse a dogmas, tivesse boa interlocução com o Congresso e, principalmente, demonstrasse jogo de cintura para cumprir as determinações do chefe.

A escolha de Alckmin e Tebet parte de uma lógica diferente, mas preenche alguns desses mesmo critérios. Os dois sempre defenderam uma plataforma econômica diferente da agenda do PT. Se fossem técnicos, provavelmente não seriam ministros da área. Com DNA político, porém, eles entram no circuito das articulações com o gabinete presidencial.

Aliados de Lula dizem que o petista contratou uma alta chance de conflitos ao escalar o trio na equipe econômica. Esse quadro de disputa política cria o risco de alguns desarranjos numa área sensível para o novo governo, mas ao mesmo tempo concentra no futuro presidente o poder de arbitrar e dar a palavra final diante de cada embate.

Cada um dos três ministros pretende colher resultados do próximo mandato para pavimentar seu próprio futuro eleitoral em 2026. Com isso, o trio tem incentivos para cooperar de acordo com a visão de Lula para a economia e não segundo preferências individuais. Se houver curto-circuito ou deserção, os prejuízos serão coletivos.

O arranjo dá a Lula a tarefa de administrar prováveis crises e mantém sob sua asa a distribuição do bônus político que o trio terá daqui a quatro anos. É o presidente quem vai determinar o tamanho e a liberdade que cada um deles terá no governo —o que dá ampla vantagem a Haddad desde a largada.

 

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

E os três são ótimos candidatos a presidente em 2026,eu torço pra todos,rs.