Folha de S. Paulo
Petista enxerga nacionalização como
oportunidade para recuperar terreno e manter viva rejeição a Bolsonaro
Apesar de conhecer as contraindicações, Lula aplicou
um anabolizante nacional nas eleições municipais. O presidente definiu a
disputa pela Prefeitura de São Paulo como "uma
confrontação direta" entre ele e Jair
Bolsonaro. Na sequência, estendeu a lógica para o restante do país.
"A disputa é entre um governo que coloca
o povo em primeiro lugar, para tentar resolver os problemas dele, e o governo
das fake news", disse o petista à rádio Metrópole.
Nenhum político desafia à toa a máxima de que, na hora de votar para prefeito, o eleitor está mais preocupado com buracos nas ruas do que com embates partidários. Mas Lula parece enxergar a nacionalização como uma oportunidade.
Os últimos ciclos eleitorais drenaram a força
do PT nas
principais cidades do país. O partido elegeu 9 prefeitos de capitais em 2004
e nenhum
em 2020. Um dos efeitos colaterais foi uma perda de protagonismo que fez
com que a sigla chegasse a este ano com poucos candidatos competitivos nessas
praças.
Para Lula, empacotar as eleições municipais
como um embate nacional significa emprestar força política a candidatos que não
iriam longe com as próprias pernas ou precisariam de um empurrão adicional.
Também está lá a ideia de que a máquina
federal estará de um lado das disputas. Ao definir seu campo como "um
governo que coloca o povo em primeiro lugar", Lula tenta agregar ao
confronto ideológico uma opção com resultados práticos.
Já a escolha de Bolsonaro como adversário é
uma aposta na resistência da rejeição a ele em locais estratégicos. O
exemplo principal é São Paulo, onde Lula venceu no segundo turno de 2022. O
petista quer tirar proveito dessa carga negativa, mas também usar a campanha
para mantê-la viva na cabeça do eleitor.
O perigo é debitar uma eventual derrota de
candidatos menores na conta de Lula e ainda oferecer a Bolsonaro uma exibição
de fôlego, mesmo que artificial. Se a jogada funcionar, no entanto, o petista
já terá pronta uma tática para chegar a 2026.
Um comentário:
Sei.
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