terça-feira, 8 de outubro de 2024

Andrea Jubé - ‘O centro é maior do que a direita e a esquerda’, diz Kassab

Valor Econômico

Para o presidente do PSB, Tarcísio de Freitas foi o cabo eleitoral mais influente em SP

Principal vencedor das eleições deste ano, com 878 prefeitos eleitos no primeiro turno, sendo três em capitais, o presidente nacional do PSD e secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, disse ao Valor que os resultados revelaram que o centro é a maior força política do país, que errou quem tentou nacionalizar a disputa, e que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi o cabo eleitoral mais influente em São Paulo.

Kassab vê o prefeito Ricardo Nunes (MDB) como favorito no segundo turno na capital paulista e destinatário da maioria dos votos do empresário Pablo Marçal (PRTB), mas alertou que “não existe eleição ganha”. Questionado sobre o aceno de Marçal ao emedebista, respondeu que agora é o momento de “somar todos os apoios”.

“O maior erro dessa eleição foi de quem apostou que a campanha ia ser nacionalizada, porque ficou claro que prevaleceram as questões circunstanciais e os problemas locais”, avaliou. “O segundo erro foi de quem dizia que o mundo estava polarizado e o centro [político] ia acabar, esses quebraram a cara”, desafiou.

“O centro é maior do que a direita e do que a esquerda”, completou. Ele rechaçou a denominação de “Centrão” - tradicionalmente imputada aos partidos que dão sustentação a todos os governos - ao PSD. Ressaltou que a sigla faz parte do “centro” político, ao qual se somam, ao seu ver, o MDB e o União Brasil. “Ficou claro que o centro é o maior no Brasil, maior do que PL, PP e Republicanos”.

A soma dos votos obtidos por PSD, MDB e União totalizou 40,161 milhões, acima dos 32,953 milhões alcançados pelas maiores siglas de direita (PL, PP e Republicanos). Juntas, as maiores legendas da esquerda (PT, PSB, PDT e Psol) totalizaram 21,156 milhões de votos, segundo a Justiça Eleitoral.

O dirigente do PSD também avaliou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não foram cabos eleitorais estratégicos na maior cidade do país. “Fizeram o papel deles”, mas saíram de cena ao perceberem que não eram essenciais. “Podem ter sido decisivos em outras cidades, mas não em São Paulo”, resumiu.

Nesse cenário, Kassab vê Tarcísio como o principal cabo eleitoral na capital. “Ele foi muito importante, trazendo a visão do gestor, a parceria e o exemplo do que seria bom pra cidade, e ele está com a aprovação alta”, observou.

Ele enxerga um “quadro de favoritismo” para Nunes. “O Marçal é um candidato conservador, e seu eleitor é majoritariamente conservador, de direita”, ponderou. Acrescentou que a rejeição do paulistano é maior em relação ao deputado Guilherme Boulos (Psol), que representa a esquerda.

Kassab ponderou que o segundo turno é a oportunidade de “mostrar mais e com mais tempo o que se fez, o que se vai fazer, apresentar a equipe, fazer as conversas certas, nas horas certas e com as pessoas certas”.

Ele classifica Marçal como um personagem que se posicionou, conseguiu milhões de votos, e que faz parte da democracia. Mas destacou que ele não faz parte da política. “Não sei se permanece muito tempo [na política]”, avaliou. Lembrado que o candidato do PRTB quase chegou ao segundo turno, ameaçando a vaga do prefeito ou de Boulos, ele retrucou: “Quase, mas não chegou”.

Ele não considera o desempenho eleitoral de Marçal uma ameaça à política tradicional. “Não é bem assim, nada supera o trabalho realizado pelo gestor, e o Ricardo [Nunes] vai muito bem; não há rede social, não há mobilização digital que resista ao trabalho do prefeito”, desafiou.

Pela primeira vez desde 1992 - ano da primeira eleição municipal após a redemocratização -, o MDB perdeu o primeiro lugar em número de prefeituras conquistadas, elegendo 847 mandatários, 31 a menos que o PSD.

A sigla comandada por Kassab também reelegeu os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de Florianópolis (SC), Topázio Neto, e de São Luís (MA), Eduardo Braide. Ainda garantiu vaga no segundo turno em Belo Horizonte (MG), com Fuad Noman, e Curitiba (PR), com Eduardo Pimentel.

O PSD cresceu, principalmente, nos redutos de suas lideranças. Em São Paulo, onde Kassab liderou a filiação de prefeitos nos últimos anos, foram 203 eleitos - 139 a mais que em 2020. Em Minas Gerais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quase dobrou o número de prefeituras, elegendo 140 mandatários.

Na Bahia, o senador Otto Alencar elegeu 115 prefeitos, seis a mais do que no pleito anterior. E no Paraná, o governador Ratinho Júnior venceu em 162 municípios, 33 a mais do que há quatro anos, e aguarda o segundo turno na capital.

Kassab minimizou as críticas de adversários sobre o PSD controlar três ministérios no governo Lula, e despontar como principal aliado de Tarcísio em São Paulo. Argumentou que o partido foi neutro na eleição presidencial, mas alguns diretórios como os do Rio de Janeiro, Bahia, Minas e Maranhão fizeram campanha para o petista, enquanto ele ajudou Tarcísio no Estado.

“É mais do que legítimo que eles participem do governo federal e é legítimo que eu esteja no governo [paulista], a gente pede voto para governar [junto]”, explicou. Agora é o momento de o PSD preparar-se para 2026. “Nosso sonho é ter candidato próprio à Presidência”, concluiu.

Um comentário:

Anônimo disse...

PSD e não PSB. MAM