sábado, 30 de outubro de 2010

Troca de ataques, só de forma velada

DEU EM O GLOBO

Serra diz que crescimento não pode ser "voo de galinha"; Dilma: país cresce desde 2003

Os indecisos convidados pela TV Globo levaram para os dois últimos blocos do programa temas como saneamento, educação, geração de empregos e saúde.

O tom propositivo não impediu, no entanto, que os presidenciáveis recorressem a ataques sutis. Serra afirmou que o governo federal elevou os impostos na área do saneamento, o que teria dificultado os investimentos no setor. Bem rouca, Dilma Rousseff aproveitou uma pergunta sobre educação para dizer que professores não podem ser tratados a cacetadas, numa referência indireta aos confrontos ocorridos no estado de São Paulo.

A primeira indireta, no segundo bloco, partiu do candidato tucano. Na resposta a uma pergunta sobre saneamento, Serra defendeu a criação de uma defesa civil nacional para atender os moradores atingidos por enchentes. O candidato do PSDB disse também que o aumento dos impostos do governo federal retira recursos das empresas estatais: — Tem um dado que prejudica os investimentos em saneamento: o governo federal duplicou os impostos sobre o saneamento. Isso tirou R$ 2 bilhões das companhias estaduais por ano e diminuiu o seu investimento.

Dilma afirmou que os governos anteriores não investiam em saneamento porque não era possível colocar o nome dos políticos nas obras. Ela prometeu triplicar os investimentos em saneamento e que, para isso, seriam necessários R$ 45 bilhões.

Dilma defendeu o aumento dos salários dos professores, ao responder sobre educação, mas usou uma provocação recorrente em seus programas de TV: — O professor para ser valorizado precisa ganhar bem, e ter formação continuada. Não se pode estabelecer com o professor uma relação de atrito, quando pede melhores salários, acaba sendo recebido com cassetetes.

Serra defendeu a melhor formação dos professores, mas criticou a política de educação na Bahia, administrada pelo PT: — A Bahia, um estado governado pelo PT, um partido do governo federal, nem assim fez-se milagres na Educação. Porque é preciso fazer um trabalho muito grande, que vai além do discurso e da boa intenção.

A questão ambiental, seara da candidata derrotada Marina Silva (PV), foi defendida com ênfase por Serra e Dilma. Um morador de Belém perguntou o que seria feito para reduzir o desmatamento e as queimadas em sua região. Dilma citou as ações do governo: — A área desmatada estava em 27 mil quilômetros quadrados e conseguimos reduzir para 7 mil quilômetros quadrados. E pretendo reduzir ainda mais. A tolerância será zero com desmatamento — disse Dilma.

Em seu comentário, Serra lembrou que a redução do desmatamento deve estar associada a uma política de empregos para a população: — Tem de oferecer alternativa econômica para a população.

Isso é fundamental.

Na pergunta sobre empregos informais, Serra ressaltou a importância de incentivar um “crescimento sustentável” da economia através de parcerias entre governo e estado: — Precisamos de uma economia forte. Não podemos viver a situação de voo de galinha, que dá um salto grande mas não consegue se sustentar.

Dilma disse estar empenhada em dar condições para que as pessoas saiam da informalidade.

A candidata também comentou a ironia de Serra: — Conseguimos criar 15 milhões de empregos, três vezes mais do que o governo anterior.

Isso não é voo de galinha, vem desde 2003.

Ao falar sobre políticas sociais, Serra elogiou o Bolsa Família, mas disse que o programa deve ser acompanhado por uma política de empregos.

Dilma respondeu com uma crítica ao governo de São Paulo, administrado por Serra: — Em São Paulo, e cabe a constatação: quem cuida de pobre por lá é o governo federal.

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