quinta-feira, 26 de maio de 2011

Após derrota, Dilma cede a aliados no Congresso

Derrotada pela primeira vez em uma votação no Congresso, com seu principal ministro enfraquecido e em meio a um ambiente de crescente rebelião entre aliados, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a fazer concessões ao Legislativo. Na votação do Código Florestal, em que o governo perdeu, católicos e evangélicos ameaçaram convocar Antonio Palocci (Casa Civil) para explicar seu patrimônio.

Sob pressão, Dilma faz concessões ao Congresso

Presidente atende à bancada religiosa e cancela kit anti-homofobia do MEC

Com derrotas, ameaças e enfraquecimento de Palocci, ex-presidente Lula é chamado para ocupar "vazio político"

Valdo Cruz, Ranier Bragon e Ana Flor

BRASÍLIA - Em meio à sua primeira derrota no Congresso, com seu principal ministro enfraquecido e um clima de crescente rebelião na base aliada, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a fazer concessões ao Legislativo.

Cedeu à bancada religiosa do Congresso e anunciou ontem a suspensão do kit anti-homofobia depois de deputados evangélicos e católicos protestarem contra o material didático que seria distribuído nas escolas pelo Ministério da Educação.

Os evangélicos ameaçavam obstruir a pauta e votar a favor da convocação do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para explicar a multiplicação de seu patrimônio, revelada pela Folha.

Além disso, Dilma foi convencida a agendar três reuniões com congressistas aliados. A primeira será hoje, quando almoçará com a bancada dos senadores petistas.

Na próxima semana, se reunirá com líderes dos partidos governistas. Depois, com senadores aliados.

A primeira derrota do governo ocorreu ontem de madrugada, na votação da reforma do Código Florestal. Uma emenda que anistia desmates feitos até 2008 foi aprovada e colocou PT e PMDB em lados opostos.

LULA INTERVÉM

Com derrotas, ameaças e o enfraquecimento de Palocci, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi chamado para ocupar o que está sendo chamado de "vazio político".

Depois de ouvir reclamações de aliados, recomendou anteontem à presidente, durante jantar no Palácio da Alvorada, "abrir mais seu governo" para os partidos de sua base de apoio.

A Palocci, Lula disse que reagisse à crise que enfrenta.

Desde terça-feira em Brasília, Lula se reuniu ontem com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e líderes das bancadas governistas. O café da manhã foi marcado por fortes críticas dos senadores em relação à articulação política do governo e à atuação de Palocci.

Segundo eles, o ministro concentra a articulação política. O responsável oficial, Luiz Sérgio (Relações Institucionais), teria pouco poder, mas é refratário a conversar.

Na saída do evento, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), afirmou: "Os líderes cobraram mais acesso, sintonia fina, mais entendimento, o que é normal".

A Folha apurou que a presidente foi receptiva às sugestões e prometeu abrir mais sua agenda.

Segundo relatos, Lula disse que, para medidas polêmicas como o kit anti-homofobia, o Planalto deveria criar um "ministério de vai dar merda" -um filtro político.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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