• Presidente do PSDB afirma que presidente escolheu para a articulação política vice que ela teria desprezado e que petista é 'refém' de Cunha e Renan
Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, ironizou a escolha do vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP), como novo coordenador político do governo Dilma Rousseff (PT). "Dilma introduziu a renúncia branca. Há um interventor na economia que pratica tudo aquilo que ela combateu no primeiro mandato. E ela delegou a coordenação política ao vice que desprezou.
E ainda é refém dos presidentes da Câmara e do Senado", disse, em referência também ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, principal defensor do ajuste fiscal, ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na saída de reunião da Executiva Nacional do PSDB, nesta quarta-feira, 8, em Brasília, Aécio também rebateu as declarações feitas na segunda-feira, 6, pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). O petista apresentou dados de uma auditoria nas contas do governo estadual e classificou a situação orçamentária como "muito grave" e culpou as gestões anteriores - o PSDB governou o Estado nos últimos 12 anos. "Isso foi uma grande encenação de um governo que não começou. Um atestado de fracasso", afirmou. "Quem dirige olhando pelo retrovisor corre o risco de bater forte. E, no caso do PT, ter perda total."
PSDB. No encontro da Executiva, o PSDB decidiu fazer uma intervenção nos diretórios estaduais e municipais que não se empenharam nas campanhas de 2014. Ficou estabelecida na reunião uma "cláusula de desempenho" para os diretórios da sigla: aqueles que não obtiveram 6% dos votos válidos do Estado ou do município, o que equivale à metade da média de desempenho do PSDB, não estão autorizados a fazer suas convenções e terão suas direções renovadas.
"Percebemos em determinados diretórios que não houve empenho com as candidaturas colocadas pelo partido. Queremos acabar com os cartórios que existem no PSDB", afirmou Aécio. A expectativa da cúpula tucana é de que pelo menos 30% dos diretórios municipais do partido passarão por uma troca no comando.
Também no encontro, o PSDB definiu que lançará no próximo dia 5 uma ampla campanha de filiação que será focada em dois segmentos: jovens de 16 a 24 anos e mulheres.
Protestos. Quando questionado se participará das manifestações contra a presidente Dilma Rousseff convocadas para o próximo dia 12, Aécio afirmou que está "avaliando". Durante o encontro, vários dirigentes tucanos cobraram a participação do senador nos protestos.
Nos protestos contra o governo do dia 15 de março, Aécio chegou a divulgar nas redes sociais um vídeo em que convocava a população para as ruas, mas não participou dos atos. Foi fotografado falando ao telefone e acompanhando a manifestação da janela de seu apartamento no bairro de Ipanema, na zona sul do Rio. Depois, em um outro vídeo, justificou a ausência. "Depois de refletir muito, optei por não estar nas ruas neste domingo, para deixar muito claro quem é o grande protagonista destas manifestações. E ele é o povo brasileiro, o povo cansado de tantos desmandos, de tanta corrupção", disse.
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