- Folha de S. Paulo
Às vésperas das novas manifestações contra o governo, Dilma Rousseff encerra a semana com dois trunfos: a reaproximação de Renan Calheiros e a demonstração de apoio dos movimentos sociais.
As adesões tiraram a presidente do isolamento dramático em que se encontrava. No entanto, tudo indica que ela não terá como agradar todos os socorristas ao mesmo tempo.
A operação resgate começou com o presidente do Senado, que torpedeava o Planalto desde o início do ano. Ele acenou com a bandeira branca, mas usou a outra mão para apresentar a conta: uma pauta que já provoca calafrios na base petista.
Sua "Agenda Brasil" agrada a diversos lobbies empresariais e enfileira ameaças ao SUS, às terras indígenas e até ao Mercosul. É um programa mais neoliberal do que qualquer partido de oposição seria capaz de empunhar. Só faltou sugerir a privatização da Petrobras.
Dilma recebeu tudo com sorrisos. Elogiou Renan, disse que suas ideias são "bem-vindas" e definiu a pauta como uma "agenda positiva".
Em outra frente, movimentos sociais que sempre apoiaram o PT marcharam até Brasília para mostrar que continuam ao lado do governo. Chamaram a oposição de golpista e ofereceram suas tropas para defender o mandato presidencial.
"Isso implica ir para a rua entrincheirados, com arma na mão", radicalizou o presidente da CUT, Vagner Freitas, em solenidade nesta quinta no Palácio do Planalto.
No mesmo ato, a militância apresentou sua fatura: o fim do ajuste fiscal e a demissão do ministro da Fazenda. O líder do MTST, Guilherme Boulos, disse que a saída é "com o povo e pela esquerda". A plateia respondeu com um coro de "Fora Levy".
Mais uma vez, Dilma agradeceu a todos e sorriu. Ela sabe que não tem como conciliar os interesses de Renan e Boulos, mas sua única e urgente prioridade é mostrar que não está sozinha. Os conflitos, inevitáveis, terão que ficar para depois.
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