quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

PF mira três assessores do presidente do Senado

• Inquérito, que tramita em sigilo, foi aberto a partir de acusações de empreiteiro

Vinicius Sassine - O Globo

-BRASÍLIA- Num dos inquéritos que levaram à Operação Catilinárias, deflagrada anteontem, a Polícia Federal pediu a investigação da atuação de três assessores do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e também a busca por provas da relação entre o senador e o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, como consta em documento obtido pelo GLOBO. O inquérito tramita de forma oculta no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi instaurado a partir das acusações feitas por Pessoa em sua delação premiada.

Na Catilinárias, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão, com reunião de provas para sete inquéritos da Operação Lava-Jato no STF, incluindo esse procedimento oculto. A Procuradoria Geral da República (PGR) chegou a pedir buscas na residência oficial de Renan em Brasília, negado pelo ministro relator da Lava-Jato no STF, Teori Zavascki. Os pedidos da PGR e as decisões de Teori sobre as buscas e apreensões também são mantidos sob sigilo.

Doações oficiais a Renan
Antes dessas buscas da Catilinárias, a PF já ampliara as investigações sobre a suposta participação de Renan na Lava-Jato. Em 30 de setembro deste ano, o delegado Felipe Alcântara Leal pediu ao núcleo de análises da PF a identificação de “Marcos e Everaldo e Bruno Mendes, citados como assessores de Renan Calheiros”. O delegado pediu uma pesquisa “nos bancos de dados disponíveis, compilando os registros pessoais, societários e/ou criminais, além de pesquisas em fontes abertas”.

Na delação premiada, Pessoa afirmou ter feito doações oficiais a Renan e que se encontrava com o senador em São Paulo com regularidade. Ele considerava “útil um bom relacionamento com o parlamentar”. O empreiteiro citou os restaurantes em que Renan costumava jantar, dos hotéis Unique e Emiliano, e que “normalmente pagava a conta dos jantares”. Os jantares eram marcados por Everaldo e por Marcos, conforme a delação.

Num dos jantares, Renan teria pedido doação ao filho, Renan Filho, eleito governador de Alagoas. O pedido foi feito após Renan questionar se a UTC já havia ganho contratos para as obras da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, segundo Pessoa. Ficou definida uma doação de R$ 1,5 milhão. “O declarante entendeu que poderia descontar as contribuições de Renan Filho da propina de Angra 3”, cita um dos termos de colaboração. Procurada, a assessoria de Renan não retornou.

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