• Jorge Picciani, pai do líder destituído do partido na Câmara, critica decisão da Executiva Nacional de aprovar resolução que obriga direção nacional, sob comando de vice-presidente, a dar a palavra final sobre ingresso no partido
Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
RIO - A decisão da Comissão Executiva Nacional do PMDB de dar a palavra final sobre novas filiações de parlamentares aprofundou a crise entre o diretório regional do Rio de Janeiro e o vice-presidente da República e presidente do partido, Michel Temer. O PMDB-RJ é o maior aliado da presidente Dilma Rousseff e está à frente do movimento contra o impeachment.
"É lamentável que o presidente Michel Temer, nesta fase da vida, prefira rasgar sua história de diálogo que durante tantos anos manteve na direção do partido e seguir os mesmos métodos truculentos adotados na Câmara Federal que têm estarrecido o Brasil. Essa decisão faz mal à bela história que Temer teve até aqui", disse na tarde desta quarta-feira, 16, o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, pai do ex-líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani.
Os peemedebistas do Rio comemoraram as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que considerou a deliberação da Executiva Nacional um "retrocesso democrático". Renan atribuiu a Temer a responsabilidade pela divisão do PMDB. O "filtro" das filiações foi decidido por Temer, a fim de evitar a entrada no partido de deputados que reforçariam o grupo de aliados de Leonardo Picciani, destituído do cargo na semana passada e substituído por Leonardo Quintão (MG). Leonardo Picciani tenta reunir número suficiente de deputados para reassumir a liderança.
Exoneração. Outro caminho para reforçar os deputados pró Leonardo tem sido a recondução à Câmara de parlamentares licenciados para ocuparem secretarias estaduais e municipais no Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira, o secretário de Coordenação de Governo da capital, Pedro Paulo Carvalho, foi exonerado e retornará à Câmara, no lugar do suplente Nelson Nahim (PSD-RJ).
Na semana passada, Nahim ingressou no PMDB do Rio, mas a filiação não foi oficializada na Secretaria Geral da Câmara e agora terá que passar pelo crivo da Executiva Nacional da legenda. Pedro Paulo se junta ao deputado Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, que deixou a secretaria estadual de Esportes na semana passada e assumiu a vaga na Câmara.
Pedro Paulo é pré-candidato à prefeitura do Rio, mas sofre grande desgaste desde que se tornaram públicas agressões e ameaças do deputado e secretário exonerado à ex-mulher, Alexandra Marcondes. Pedro Paulo admitiu a primeira agressão e foi obrigado a reconhecer outro episódio de violência, depois de noticiado. Paes decidiu manter a pré-candidatura até agora e sustenta que se trata de um problema pessoal.
As substituições de deputados de outros partidos por peemedebistas aliados a Picciani foram possíveis graças à ação do governador Luiz Fernando Pezão e do prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB e aliados de Dilma. Na segunda-feira, 14, Paes disse que a atual liderança do PMDB na Câmara foi alcançada "na mão grande" e afirmou ter "vergonha" de certas atitudes do PMDB.
A relação de Michel Temer com o PMDB do Rio piorou desde que Pezão, Paes, Cabral e Picciani passaram a criticar a ala do partido favorável ao impeachment. A exceção no PMDB-RJ é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que rompeu com o governo em julho e, na semana passada, abriu o processo de impeachment na Câmara.
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