domingo, 26 de junho de 2016

'Centrão' e PMDB negociam revezar o controle da Câmara

Ranier Bragon, Débora Álvares – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Com a aproximação do desfecho que pode retirar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) formalmente da presidência da Câmara —por cassação ou renúncia—, partidos do chamado "centrão" e o PMDB, maior sigla da Casa, tentam manter o controle da instituição pelos próximos anos.

A saída de Cunha terá como efeito imediato nova eleição para a presidência da Câmara em um prazo de cinco sessões. O vencedor cumprirá um mandato-tampão até 1º de fevereiro de 2017.

Pouco mais de uma dezena de deputados são cotados para o mandato-tampão, a maioria deles do "centrão" (PP, PR, PSD, PTB, PRB e outras siglas menores), que reúne pouco mais de 200 dos 513 deputados.

O "centrão" foi crucial para o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência e tem forte ligação com Cunha.


O objetivo de integrantes desse grupo é emplacar um nome para o mandato-tampão com o compromisso de apoiar um candidato da estrita confiança de Michel Temer para o biênio 2017-2018, provavelmente um peemedebista (com bancada de 66 deputados), caso ele continue na Presidência da República.

São cotados para o cargo Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO), presidente e relator da comissão do impeachment de Dilma, além de Esperidião Amim (PP-SC), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Giacobo (PR-PR) e Beto Mansur (PRB-SP), entre outros.

A maioria deles têm boa relação com Cunha, que acompanha as conversas à distância e, segundo aliados, tenta emplacar como sucessor um nome de confiança.

O peemedebista foi afastado da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal em maio. Seu processo de cassação pode ser concluído no mês que vem. Antes disso, ele pode renunciar ao cargo, o que anteciparia a eleição na Câmara.

Deputados que têm ido visitá-lo na residência oficial da Câmara dizem que ele tem preferência por Rosso ou Arantes. Ambos, porém, dizem não ter interesse no mandato-tampão.

Antiga oposição
Os planos do "centrão" esbarram na antiga oposição a Dilma —PSDB, DEM, PSB e PPS, que têm 120 deputados.

Embora componham juntamente com o "centrão" e o PMDB a base de Temer, essas siglas preferem um nome sem vínculo direto com Cunha. Chegaram a tabular conversas com o PT e seus aliados (90 deputados) na tentativa de um candidato alternativo.

A avaliação de alguns integrantes desse grupo é de que o "centrão" está enfraquecido após as derrotas consecutivas de Cunha e seria incapaz de reunir sozinho força suficiente para eleger alguém.

Também participa dessas conversas o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), dissidente do "centrão".

Entre os nomes citados nesse grupo estão Júlio Delgado (PSB-MG), Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Dos três, Delgado é o único claramente opositor a Cunha.

"O que interessa para alguns é manter a Casa nesse ritmo. Mas não dá para eleger um preposto do Eduardo Cunha", disse Delgado.

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