Em um ano decisivo que definirá os rumos do Brasil após a transição iniciada com o impeachment, é inegável que o país passa por um momento crucial. Depois de superarmos a mais aguda recessão econômica de nossa história republicana, um desastroso legado deixado pelo lulopetismo, e ainda enfrentando os desdobramentos de uma profunda crise moral e do descrédito generalizado da população em relação à política, é importante que todos aqueles que têm compromisso e responsabilidade com o país estejam dispostos a dialogar e estabelecer pontes com a sociedade civil, representada por uma série de movimentos cívicos cada vez mais atuantes.
Em um mundo marcado por um inevitável e revolucionário processo de transformação, não é das tarefas mais simples para as forças políticas e agremiações partidárias se adaptarem a essa nova realidade. Instituições datadas do período da Revolução Industrial, ainda no século XIX, os partidos políticos hoje têm enorme dificuldade de se estabelecer nas sociedades plenamente interconectadas em rede. A degradação moral e a corrupção desenfreada que caracterizaram os 13 anos de governos do PT, com Lula e Dilma, só agravaram esse quadro. Há uma total desconexão e um claro descompasso entre representantes e representados e, também por isso, é fundamental que os agentes políticos façam uma autocrítica e se abram, verdadeiramente, aos movimentos que, oriundos da sociedade civil, pretendem participar de uma renovação do processo político.
Nesse sentido, o PPS, que historicamente sempre defendeu uma nova formação política, tem consciência de que os partidos já não conseguem vocalizar as demandas sociais com a agilidade necessária. Nos últimos meses, abrimos um amplo, generoso e produtivo diálogo com movimentos de vários matizes – diferentes entre si, mas dispostos a ingressar na política e viabilizar uma nova forma de representação. Não sabemos qual será o destino dos partidos no curto ou médio prazo, mas é muito provável – quase uma certeza – que eles não mais existirão, da forma como se colocam hoje, em um futuro que se anuncia mais próximo do que imaginávamos. A ideia do partido-movimento é uma tese cada vez mais presente e já um dado da realidade em sociedades mais abertas e avançadas. É algo que pode começar a ser construído também no Brasil.
Neste início de ano, o PPS realizou encontros com algumas dessas organizações e movimentos cívicos, entre os quais Agora!, Livres, Acredito, Renova Brasil, Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), Frente pela Renovação, Vem pra Rua e Roda Democrática, justamente com o objetivo de estreitar laços e promover ações conjuntas. Tenho participado ativamente dessas conversas, ao lado de outras lideranças do nosso partido, como os deputados federais Arnaldo Jardim (SP) e Rubens Bueno (PR), o deputado estadual Davi Zaia (SP), o presidente do Diretório Municipal do PPS de São Paulo, Carlos Fernandes; o diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), Luiz Carlos Azedo; o secretário-geral do PPS, Wober Júnior; o secretário-nacional de comunicação do PPS, Adão Cândido; o secretário de comunicação do PPS de São Paulo e editor do Blog do PPS-SP, Maurício Huertas, entre outros. Tem sido uma troca interessante que nos permite aprender com os movimentos e, de certa forma, transmitir aos mais jovens um pouco de nossa longa vivência na vida pública.
As conversas com esses grupos estão adiantadas, em especial com o Agora!, e o PPS já manifestou sua intenção de receber vários desses jovens como filiados para, eventualmente, se candidatarem nas próximas eleições. Saliente-se, aliás, que um dos integrantes e principais líderes do Agora! é Luciano Huck, que tem se mostrado disposto a contribuir ainda mais intensamente com as discussões sobre os problemas e desafios do Brasil. Caso a entrada dos movimentos se confirme, é importante ressaltar que todos eles terão autonomia e, inclusive, ajudarão na tomada de decisões do partido, trazendo contribuições, participando dos debates sobre questões políticas e atuando de forma concreta e eficaz.
A revolução social e de comportamento que o mundo experimenta é uma realidade contra a qual não se pode lutar. Tal processo envolve não apenas o avanço das novas tecnologias ou das ferramentas de comunicação, mas constitui, fundamentalmente, uma transformação radical na forma como nos relacionamos uns com os outros. Este novo mundo nos afeta a todos, em todos os segmentos de atividade, proporcionando o surgimento de novas instituições e organizações que substituirão as velhas estruturas. Diante desse cenário, é fundamental que tenhamos uma visão conectada com o futuro e abdiquemos de vícios e valores ultrapassados de um mundo que ficou para trás e não mais voltará.
Por tudo isso, o PPS entende a necessidade e a urgência de interpretarmos todo esse processo de transformação e estabelecermos um canal direto de comunicação com os novos atores políticos e sociais – por meio das redes e rodas democráticas e dos mais diversos movimentos da cidadania. Só assim tornaremos possível a renovação política tão esperada pela sociedade brasileira. Estamos abertos ao novo. Temos, afinal, um encontro marcado com o futuro. E o futuro é agora.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Um comentário:
Grande jagunço!!!
De olhos bem abertos para o futuro.
Parabéns pelo artigo.
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