quarta-feira, 22 de agosto de 2018

‘Não adianta querer vestir Haddad de Lula’

Para Jaques Wagner, é melhor que ex-prefeito seja diferente do líder do PT para mostrar ‘renovação’; governador da Bahia, Rui Costa, por sua vez, diz que ideia representada pelo ex-presidente, líder nas pesquisas, está simbolizada no número 13 do partido

Sérgio Roxo | O Globo

SALVADOR - No momento em que o PT discute formas de transferir votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Fernando Haddad, o exministro Jaques Wagner afirmou que não adianta querer vestir o ex-prefeito de São Paulo de Lula “porque ele não é Lula”. No início de seu giro pelo Nordeste, principal reduto eleitoral do PT, Haddad afirmou que não está sendo apresentado à região porque já esteve várias vezes por lá como ministro da Educação.

Wagner também era cotado para ser vice na chapa presidencial petista e, consequentemente, ocupar o posto de candidato ao Palácio do Planalto se a Justiça Eleitoral confirmar a inelegibilidade de Lula com base na Lei da Ficha Limpa. Mas recusou a missão e preferiu disputar o Senado pela Bahia.

—Não adianta querer vesti-lo de Lula. Ele não é o Lula, como a Dilma não era. Cada um tem o seu jeito. As pessoas dizem: ‘Você seria melhor’ (como plano B). É que meu jeito é mais parecido (com o de Lula). Mas não sei se é bom ser igual. Acho bom que seja alguém diferente, que aposte na renovação. Nós não podemos ficar reféns de um jeito. A gente tem que defender uma ideia —disse Wagner

Pesquisa do Ibope divulgada na segunda-feira mostrou Lula à frente, com 37% das intenções de voto. No cenário sem ele, Jair Bolsonaro (PSL) lidera, e Haddad aparece em quinto, com 4%. Petistas acreditam que a transferência de votos se dará quando o ex-prefeito de São Paulo assumir formalmente a cabeça da chapa e for divulgado que ele é o candidato de Lula.

Para conseguir herdar os votos de seu padrinho político, Haddad precisará se popularizar no Nordeste.

AÇÃO POR IMPROBIDADE
Em entrevista na capital baiana, o ex-prefeito garantiu que conhece bem o Nordeste e que, como ministro da Educação, “não saía da região”, porque Lula pedia a seus auxiliares que rodassem o país:

— Não estou sendo apresentado ao Nordeste. A gente vinha trabalhar aqui.

Haddad foi questionado várias vezes sobre a sua estratégia para herdar os votos de Lula e se desdobrou para manter o discurso de que não é o candidato a presidente.

Também presente à entrevista, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), candidato à reeleição, deu a entender que o fato de Haddad disputar a eleição com o número 13 facilitará as coisas:

— A declaração de voto no Lula não é só na pessoa física, é no que ele representa. A ideia toda se consagra no 13.

A Justiça de São Paulo aceitou ação de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público contra Haddad relativa à construção de trecho de uma ciclovia na capital paulista quando ele era prefeito. A assessoria de Haddad afirmou que, no despacho, o juiz cita as medidas tomadas pelo ex-prefeito, via Controladoria Geral do Município, como argumento para afastar culpa ou dolo.

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