A sorte
do general Pazuello , ministro da Saúde, é que ainda não apareceu um novo
Sérgio Porto, o cronista Stanislaw Ponte Preta, para reeditar o famoso Festival
de Besteira que Assola o País
Consta
que o general Zenildo Gonzaga Zoroastro de Lucena, ministro do Exército nos
governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que faleceu aos 89 anos, em
março de 2017, teria sido o grande responsável pela formação da atual elite
militar do país, pela ênfase que deu ao aperfeiçoamento e à formação de
oficiais superiores, inclusive, estimulando a graduação e pós-graduação em
áreas civis, como economia e finanças, administração, ciências políticas,
comunicação social, direito etc.
O
general assumiu o mais alto posto do Exército Brasileiro logo após o
afastamento do ex-presidente Fernando Collor de Melo, em outubro de 1992,
durante a transição entre a posse de Itamar Franco e as eleições de 1994. Ao
assumir o cargo de ministro do Exército, em meio à crise que culminou com o
impeachment de Collor, teria atuado para evitar uma intervenção dos militares.
Em junho de 1993, por exemplo, rebateu as declarações do deputado federal e
capitão da reserva Jair Bolsonaro favoráveis ao fechamento do Congresso e à volta
do regime de exceção, garantindo o apoio do Exército ao governo.
Por causa da perda de privilégios e do corte de verbas destinados às Forças Armadas durante o ajuste fiscal do Plano Real, os militares não gostam de lembrar dos anos do governo FHC, nos quais houve um grande sucateamento de seus equipamentos. No fundo, foram mais felizes durante o governo Lula, que apostou na criação de uma indústria nacional de Defesa, com a produção de veículos de transporte de tropas e carros blindados, lança-foguetes, novos caças e avião cargueiro, e dos novos submarinos, um deles nuclear, além articular missões internacionais a serviço da ONU, entre as quais a do Haiti, onde estiveram alguns dos atuais integrantes do governo Bolsonaro.
Os
tempos de vacas magras e confinamento nos quartéis, porém, haviam servido para
reconstruir a imagem dos militares perante a sociedade, depois do desgaste
causado por 20 anos de ditadura, restabelecendo o prestígio que se perdera nas
décadas de 1970 e 1980. Operações humanitárias na Amazônia e no Nordeste e de
Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos estados, em momentos de colapso do sistema
de segurança pública, nos anos mais recentes, contribuíram para essa
reconstrução de imagem.
Entretanto,
a militarização do governo de Jair Bolsonaro ameaça pôr tudo a perder. A
preocupação já tomou conta dos altos-comandos das Forças Armadas, por uma série
de episódios que colocam em xeque a competência dos oficiais generais, alguns
da ativa, que, hoje, controlam postos estratégicos do governo. É o caso do
general de divisão Eduardo Pazuello, cuja subserviência mascarada de disciplina
e respeito à hierarquia fica evidente quando fala besteiras com o claro
propósito de agradar o presidente Bolsonaro, um negacionista da gravidade da
covid-19, da vacina e do isolamento social.
A
sorte do general é que ainda não apareceu um novo Sérgio Porto, o cronista
Stanislaw Ponte Preta, para reeditar o famoso Febeapá (Festival de Besteira que
Assola o País), uma coletânea de “causos” de políticos, militares e delegados
proeminentes durante o regime militar. O livro foi publicado em 1966, antes do
Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, que legitimou a censura
prévia e acabou com habeas corpus, entre outras medidas antidemocráticas.
Sérgio Porto morreu três meses antes, aos 45 anos.
O Brasil registrou 669 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 174.531 óbitos desde o começo da pandemia. A média móvel de mortes no país, nos últimos sete dias, foi de 533. Desde o começo da crise sanitária, 6.436.633 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 48.107 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos sete dias foi de 38.534 novos diagnósticos por dia, a maior desde 6 de setembro — quando chegou a 39.356. Isso representa uma variação de +35% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de alta nos diagnósticos em 11 estados: PR, RS, SC, ES, MS, AC, AM, RO, CE, PE e SE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário