O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou sobre a sucessão de 2010 com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), por uma hora ontem à tarde. Lula quis saber do tucano se ele ainda estava "no páreo", ou se o candidato tucano a presidente seria mesmo o governador de São Paulo, José Serra. Aécio respondeu que está no jogo e que assumirá "de peito aberto" a pré-campanha pelo Brasil, assim que regressar da viagem oficial de duas semanas ao exterior. À noite, o governador embarcou para a Itália.
Na conversa, Lula mostrou confiança no desempenho de sua candidata, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Para que a candidatura petista seja bem sucedida, ele aposta no alinhamento entre PT e PMDB em vários Estados, inclusive Minas. Por isso, o presidente perguntou sobre a relação de Aécio com o ministro das Comunicações, o peemedebista, Hélio Costa.
Candidato ao governo mineiro, Costa articula aproximação com o tucano e não esconde sua disposição de retribuir-lhe o apoio na corrida presidencial. "Se Aécio for candidato a presidente, os mineiros têm que se unir em torno dele", disse Costa.
Aécio contou que sua articulação com o PMDB estadual está em aberto. Lula tem conhecimento de que o PMDB mineiro está rachado, sabe que seu ministro "tem lado" e não tem dúvidas de que este lado é o de proximidade com o governador.
Ao falar sobre o quadro de Minas, Aécio reiterou o "sentimento" predominante no PSDB de que ele é opção que pode agregar mais apoios. O governador está convencido de que o debate sucessório será focado no modelo de gestão e nas propostas para garantir que as conquistas dos últimos 16 anos de administração tucana e petista avancem.
Lula admitiu para Aécio que havia apostado na polarização da disputa entre um candidato do Planalto - Dilma, no caso - e o da oposição. Um dirigente do PSB revela que, antes de se encontrar com o tucano, o presidente fez questão de levar ao conhecimento do partido aliado sua preocupação com a pré-candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).
Embora Ciro resista em mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo, abrindo a possibilidade de disputar o governo paulista, em vez da Presidência, Lula insiste nesse cenário - tanto que telefonou ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pedindo-lhe que, na condição de comandante do PSB, tente convencer Ciro a fazer a mudança de domicílio.
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