Clarissa Oliveira
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Ex-prefeita diz que deputado "não tem a ver com São Paulo" e apoia nome de Palocci para o governo do Estado
Três dias após o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) transferir seu domicílio eleitoral para São Paulo, setores do PT ligados ao deputado petista Antonio Palocci se uniram ao time da ex-ministra do Turismo Marta Suplicy (PT-SP) para ressuscitar a tese da candidatura própria ao Palácio dos Bandeirantes. Aproveitando o desconforto com a avaliação de que o PT paulista virou refém de Ciro, Marta assumiu a linha de frente para vitaminar o nome do ex-ministro da Fazenda na disputa.
A estratégia ficou clara na reunião convocada ontem pelo comando regional do partido. Na saída, Marta foi contundente e partiu para o ataque ao deputado cearense e ao PSB. "Estamos chegando a uma percepção de que a candidatura Ciro não tem a ver com São Paulo", disse. Ela defendeu de forma enfática o lançamento de Palocci. "Não temos que fechar portas, mas o PSB nunca fez um caminho de flores para nós no Estado."
Num esforço para conseguir uma eleição plebiscitária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a Ciro que entre na corrida estadual, abrindo caminho para a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na disputa presidencial. Ao aceitar transferir o título, Ciro colocou o PT paulista em compasso de espera.
Ontem, Marta manifestou sua divergência dizendo respeitar a posição do presidente, mas destacou que ele comete erros. E afirmou que "todo mundo deu muita risada" na reunião, ao mencionarem que "Lula agora não só é olímpico como veio do Olimpo", aproveitando a referência à escolha do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016.
Palocci, que já foi o favorito do presidente para a vaga, foi mais cauteloso. Entrou e saiu pela garagem, despistando os jornalistas. A portas fechadas, ele não se colocou abertamente como opção para a disputa. Não demonstrou, porém, resistência aos apelos para que se candidate. Disse que o PT precisa dar continuidade aos preparativos para 2010, se não quiser correr risco de fazer campanha para Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), recém-filiado ao PSB que está de olho no Palácio dos Bandeirantes. Palocci acrescentou que não descarta a possibilidade de Ciro liderar uma segunda candidatura da base aliada à Presidência. Mas propôs um "diálogo" com Lula.
PRAZO DE INSCRIÇÃO
Ontem, alguns petistas faziam questão de destacar que a posição de Marta e Palocci não era unanimidade. Ao saberem das declarações da ex-ministra, até alguns de seus aliados se disseram surpresos. Defensores do apoio a Ciro reclamaram da agressividade e acusaram os dois ex-ministros de privilegiar projetos pessoais.
Pelo menos uma decisão jogou a favor de Marta e Palocci. O PT vai abrir em 1º de novembro o prazo para a inscrição de pré-candidaturas ao governo de São Paulo. Qualquer filiado poderá indicar um nome que gostaria de ver na disputa. Assim, os candidatos não precisarão sequer dizer publicamente que querem concorrer e ficam livres do desgaste se Ciro se decidir pela corrida estadual.
"O Ciro mudou o título para São Paulo, mas declara sistematicamente a candidatura a presidente. Para nós, o PT precisa se preparar para o processo eleitoral de 2010 desde já", justificou o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que preferiu um tom mais conciliador. "Não significa obrigatoriamente que o PT terá candidato."
O presidente estadual do partido, Edinho Silva, reforçou: "O que tiramos como encaminhamento é uma posição de não afronta ao PSB."
Único pré-candidato declarado, o prefeito de Osasco, Emidio de Souza, engrossou o coro. "O PT tem força suficiente para se movimentar, independentemente do que o Ciro acha", declarou.
Adepto da candidatura de Ciro, o líder na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), preferiu pedir a formação de uma "grande frente em São Paulo para eleger Dilma".
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