“No sentido mais imediato e determinado, não se pode ser filósofo – isto é, ter uma concepção do mundo criticamente coerente – sem a consciência da própria historicidade, da fase de desenvolvimento por ela representada e do fato de que ela está em contradição com outras concepções ou com elementos de outras concepções. A própria concepção do mundo responde a determinados problemas colocados pela realidade, que são bem determinados e “originais” em sua atualidade. Como é possível pensar o presente, e um presente bem determinado, com um pensamento elaborado em face de problemas de um passado frequentemente bastante remoto e superado? Se isto ocorrer, significa que somos “anacrônicos” em face da época que vivemos, que somos fósseis e não seres que vivem de modo moderno. Ou, pelo menos, que somos bizarramente “compósitos”. E ocorre, de fato, que grupos sociais que, em determinados aspectos, exprimem a mais desenvolvida modernidade,em outros manifestam-se atrasados com relação à sua posição social,sendo, portanto, incapazes de completa autonomia histórica. “
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, vol. 1, pág. 95. 4ª edição. Civilização Brasileira, 2006.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, vol. 1, pág. 95. 4ª edição. Civilização Brasileira, 2006.
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