segunda-feira, 11 de abril de 2011

Marina ameaça ficar fora de palanques do PV

Terceira colocada na disputa presidencial diz que só se engajará na campanha do partido se houver eleições internas

Roldão Arruda

A ex-senadora Marina Silva (PV-AC) não está disposta a subir em palanques em 2011, para ajudar a eleger vereadores e prefeitos verdes, se o seu partido não realizar neste ano um processo interno de abertura democrática. Terceira colocada na eleição presidencial, com 19,6 milhões de votos, ela acha que não seria coerente retomar o discurso da campanha presidencial, que enfatizava uma nova forma de fazer política, comprometida com a ética e a sustentabilidade, se dentro de casa ela não encontra isso.

"Quero falar para a sociedade sobre coisas que estamos praticando. Não posso falar de uma nova fórmula política se dentro do PV temos uma velha fórmula, se a discussão é cerceada, se as pessoas não podem sequer se manifestar", disse ela no sábado à tarde, em São Paulo, ao participar de um encontro da militância verde, organizado pelo movimento Transição Democrática.

Ontem, no Rio, ele se encontrou com Fernando Gabeira e outros dirigentes estaduais do partido para discutir a questão da nova fórmula de fazer política. Segundo suas explicações, foi possível falar dessa fórmula na campanha presidencial porque havia recebido a promessa, da direção do partido, de que seriam realizadas mudanças em toda sua estrutura, com a realização de debates, convenções e eleições internas, tão logo findasse a corrida presidencial. "Na época era inteiramente coerente", disse. "Agora não é mais."

Revisão. A mudança, segundo Marina, se deve à decisão tomada no mês passado pela diretoria nacional do PV de adiar as eleições para 2012. Foi isso que a levou a se alinhar com a Transição Democrática, que propõe a realização de convenções em abril e eleições em julho.

O encontro no sábado lotou o Auditório Franco Montoro, na Assembleia Legislativa. O discurso de Marina, que havia acabado de chegar de uma viagem a Washington nos Estados Unidos, para uma palestra, foi interrompido várias vezes por aplausos.

Uma das ocasiões ocorreu quando disse que o PV, dirigido há 12 anos por José Luiz Penna, deputado federal por São Paulo, precisa mudar e mostrar "que não discute apenas o poder pelo poder e não faz alianças incoerentes".

Marina tem dito que está disposta a viajar pelo Brasil em 2012, apoiando candidatos das mais diferentes correntes internas do partido, desde que tenham plataformas comprometidas com a ética e a sustentabilidade. Só fará isso, porém, se ocorrerem as mudanças internas.

Ao lado de Marina em São Paulo, o vice-presidente do partido, deputado federal Alfredo Sirkis (RJ), disse que não pretende abandonar a sigla que ajudou a fundar. "Não vamos sair do PV. Vamos transformá-lo, com a legitimidade histórica que temos e a legitimidade dos 20 milhões de votos de Marina", afirmou.

No sábado, no mesmo horário em que Marina discursava na Assembleia, Penna, o presidente do partido, participava de outro evento, do diretório municipal paulistano, no bairro do Tatuapé, na zona leste.

Barrados

Marina Silva tem acusado a direção do PV de barrar a filiação partidária de milhares de simpatizantes da causa da sustentabilidade. A razão da decisão seria o medo de se perder o controle político

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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