Governadores e prefeitos do PSB querem boa relação com Planalto
Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - Apesar de continuar trabalhando para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2014, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), deve baixar o tom das críticas que tem feito à política fiscal do governo federal. Mesmo sendo entusiastas da candidatura própria, governadores e prefeitos do PSB não querem se indispor, por ora, com o Palácio do Planalto, de quem dependem para conseguir dinheiro para obras e programas, além de renegociação de dívidas. Pelo menos em 2013.
O PSB permanece na base aliada, ocupando dois ministérios, enquanto avalia as chances de uma candidatura própria em 2014. Neste cenário, Campos faz um jogo de morde e assopra em relação à presidente Dilma Rousseff, que ontem voltou a Brasília, depois de passar 12 dias de férias na base naval de Aratu, em Salvador. Dilma, por sua vez, corteja o aliado e seu partido, na tentativa de convencê-los a desistir da ideia de enfrentá-la nas próximas eleições.
Nesse cortejo, Dilma nem sempre acerta. No mês passado, sondou o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), sobre a volta de seu irmão, Ciro Gomes, para a Esplanada dos Ministérios. Ciro ocupou a pasta da Integração Nacional no governo Lula e gostaria de ir para o Ministério dos Transportes, atualmente com o PR. A eventual entrada de Ciro na equipe de Dilma é considerada uma afronta por Campos. A relação do presidente do PSB com os irmãos Gomes é péssima desde que Campos implodiu a pré-candidatura presidencial de Ciro, em 2010.
- Seria uma declaração de guerra para o Eduardo - diz um integrante do PSB, pertencente ao grupo de Campos.
O governador de Pernambuco havia adotado, desde o final de novembro, um discurso crítico à política de desonerações promovida pelo governo federal, que tem impacto na receita de estados e municípios. Além de criticar o governo por lançar mão de instrumentos que não seria mais eficazes para aquecer a economia, ele vinha atacando a forma como o governo implementou sua política de desonerações, privilegiando setores e regiões do país.
Diante do ensaio de voo solo de Campos, Dilma tem feito um esforço para se aproximar do aliado. Ela o recebeu para jantar no Palácio da Alvorada, no início de novembro, logo após as eleições municipais, quando PT e PSB romperam a aliança em Recife e em Fortaleza. Repetiram o encontro em almoço no último sábado, em Salvador.
Apesar do esforço de Dilma, Campos se ressente de não ter com ela uma relação próxima como tinha com Lula. O governador de Pernambuco queria ter sido ouvido, por exemplo, sobre a redistribuição dos royalties do petróleo. Mas esse não é o estilo de Dilma, conhecida pela centralização das decisões e pela falta de gosto pela política.
Se, por um lado, pretende evitar críticas ao governo federal, Campos usará este ano as propagandas regionais de seu partido na televisão, em todos os estados, para nacionalizar seu nome.
Fonte: O Globo
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